* A entrevista do presidente Luís Ignácio Lula da Silva aos repórteres da Rede Globo na segunda-feira, 2 de outubro, demonstrava claramente sua decepção em ter que enfrentar o candidato Opus Dei Geraldo Alckmin no segundo turno do pleito presidencial.
* Os fatores para o avanço de Alckmin na reta final são vários. O bombardeio de notícias sobre a compra de um dossiê com informações contrárias aos interesses tucanos encheram os noticiários e demonstraram que Lula não soube se entender com a mídia nacional nos últimos dois anos.
* Lula pagou o preço por não ter criado o fundo de recuperação das empresas de comunicação, conhecido como Proer das emissoras. Só a Globo precisa de 6 bilhões de reais para sair de suas dificuldades financeiras. A mesma situação atinge outros grupos de comunicação, como é o caso do Jornal do Brasil, com problemas sérios de caixa há mais de quatro anos.
* A mídia que foi tão suave para o governo Fernando Henrique Cardoso, tolerando privatizações e negócios mal explicados como a venda de um poço de petróleo na Bacia de Campos por 250 mil dólares quando valia quatro bilhões e outras coisas mais, como a privatização da Vale do Rio Doce por apenas 3 bilhões de dólares, não soube segurar as informações de um parceiro tão mão de vaca como o atual presidente.
* Os escândalos vieram todos à tona, mostrando que existem petistas que precisam ser investigados, mas os tucanos com mão suja foram sendo esquecidos paulatinamente.
* É a velha história da mídia que quer ser calada com dinheiro para não liberar informações. Quem não paga aparece na mídia.
* Lula pode até ganhar as eleições, mas parece que está faltando a habilidade de José Dirceu para negociar com alguns setores. Os votos atribuídos aos candidatos do PSOL
(Heloísa Helena), e PDT (Cristovam Buarque), vão migrar aleatoriamente.
* Os eleitores do PSOL parecem ter ojeriza dos candidatos do PT e do PSDB. Se eles anularem seus votos, o fiel da balança acaba sendo o grupo de eleitores do PDT, cujas convicções ideológicas são frouxas.
* Alguns partidos farão jogo duplo, prometendo apoio para Lula e Alckmin, o que garante ao futuro ocupante da cadeira presidencial o compromisso de novos acordos secretos e quem sabe, financeiros. Só trouxas acreditam que isso não existe nas administrações brasileiras. Ou alguém acha que a reeleição do tucano FHC foi idealismo parlamentar?
* Em todo caso, o alerta da mídia para o futuro governante já foi dado. Se o governo não liberar os empréstimos via BNDS vai apanhar muito feio. Se a Varig pode ir pro espaço literalmente, por que não deixar a mídia se danar também?
* A economia liberal proposta por vários jornalistas funciona assim. Sem verba pública e sem listas paralelas.
* No plano nacional as coisas estão indefinidas. Em Rondônia Ivo Cassol provou que é “bão” de voto mesmo, e os candidatos da capital são pés frios. Os cinco não chegaram perto do vencedor, apesar do desempenho razoável de Fátima Cleide.
*Hamilton Lima é professor universitário