Quem examina, com isenção e responsabilidade, a conduta de certos deputados estaduais rondonienses, no momento extremamente difícil por que passa aquela Casa de Leis, envolta em denúncias escabrosas as mais variadas, apesar do discurso moralizador de seu presidente, não pode deixar de mergulhar no desencanto.
Para restabelecer a credibilidade, desde há muito perdida no conceito da opinião pública, não basta apenas o suposto empenho isolado do presidente Neodi de Oliveira e de meia dúzia de parlamentares. Sem que todos participem, decisivamente, dessa cruzada moralizadora, não haverá o que colher no futuro.
O Poder Legislativo não pode manter-se apático aos clamores da sociedade, com a maioria dos que ali tem assento, comportando-se como se a população vivesse no reino encantado da fantasia.
No momento, o que se tem acompanhado, sobretudo na imprensa, é de uma falta de compostura sem par. Em vez de compor com o presidente, deputados parecem mais preocupados em defender privilégios pessoais de toda a ordem, indiferentes aos males que esse comportamento nefasto possa causar ao futuro do Estado.
Interessante, portanto, se os ditos representantes do povo apresentassem projetos consistentes e propostas palatáveis, com vistas a minimizar os graves e complicados problemas sociais, porque discursos e declarações demagógicas só convencem mesmo os desavisados, os pobres de espírito.
Recentemente, um deputado ameaçou divulgar os nomes de colegas de parlamento que estariam querendo roubar o dinheiro da Casa. O tiro acabou acertando em cheio dezenas de pais e mães de família, servidores e ex-servidores do Poder Legislativo, os quais nada têm que ver com o imbróglio.
Isso é inaceitável. A sociedade não pode concordar com atitudes tangenciantes, diante da realidade lúgubre pela qual passa a ALE. É preciso saber encarar os problemas, corajosamente, sem a prática da evasiva. A situação atual resulta de muitas coisas, dentre elas da ausência de espírito público.
Os senhores deputados não podem, por egoísmo ou ambição, furtar-se ao dever cívico nesta hora complicada da vida estadual. Até porque a ação política não pode ser confundida com a defesa de simples interesses pessoais ou de grupos.
É preciso não esquecer, no entanto, que o Poder Legislativo também é um dos elementos que formam o governo. Não pode ficar amarrado a velhos e caducos processos de política paroquial, marcados por confrontos de prerrogativas nem sempre dignas, em detrimento das legítimas reivindicações sociais.
A conduta pessoal e fisiológica de certos políticos mostra-se incompatível com a magnitude da função que eles encarnam.