*"Decisões judiciais não valem nada". Pelo menos essa é a conclusão a que chegou o empresário e ruralista Sebastião Conti Neto, que teve sua fazenda, a Bom Futuro, na região de União Bandeirantes, invadida durante dois anos. Feita a reintegração de posse da área, por determinação judicial e cumprida pela Polícia Militar há menos de dois meses, pouco depois os invasores retornaram ao local, tomando conta de uma área que já devastaram, queimaram, destruíram e continuam mandando, como se esse pedaço do Brasil não tivesse sob o domínio das leis. Agora, com mais um mandato de reintegração em mãos, Sebastião Conti diz que não sabe mais o que fazer. Até porque os invasores ? alguns quadrilheiros, conhecidos e que estão presos, além de outros que continuam ignorando o que a Justiça lhes determina ? já tratam a área como se fosse deles. Um deles, que retornou à Fazenda tão logo a PM cumpriu a última reintegração, levou consigo quase 200 cabeças de gado, ?utilizando a área como se fosse sua e não dando qualquer importância às determinações judiciais?, protesta Conti.
*Líder da Associação dos Proprietários Rurais (APRRO) no estado, Conti é uma das muitas vítimas de invasões desenfreadas que têm ocorrido em Rondônia. A Polícia Militar já realizou mais de 72 reintegrações por ordem judiciais ? a um custo altíssimo para os cofres públicos - mas é praticamente tempo perdido. Mal saem os policiais e os invasores retornam, ?debochando da Justiça?. Conti denuncia o envolvimento de madeireiros, de autoridades, de servidores do Incra e outros órgãos oficiais, que ?realizam reuniões de intermediação com proprietários e invasores, garantem que não apóiam invasões mas, na realidade, as incentivam de todas as formas?.
*O líder ruralista diz que há ainda grande incoerência nas questões legais envolvendo propriedades, como a sua, por exemplo. ?Mesmo sendo legítimo proprietário da área, estou proibido pela Justiça de realizar qualquer tipo de manejo em minha fazenda. Mas os invasores retiram madeira, destroem o meio ambiente, poluem rios, devastam na ilegalidade e continuam agindo assim há longo tempo. Quanto a mim, como proprietário, além de ser punido pelas invasões e destruição do meu patrimônio, pois meus prejuízos já passaram so 2 milhões de reais, ainda estou proibido pela Justiça de sobreviver?, protesta.