*A construção das usinas no rio Madeira tem gerado controvérsias. Na opinião do professor Julio Militão, diretor do Núcleo de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal de Rondônia, as construções proporcionarão benefícios para o setor produtivo, mas as comunidades do entorno precisam ser ouvidas.
*“A população vive da pesca. Que garantias ela tem de que o alagamento da região poderá ser trocado por algum benefício? Quantas escolas, quanto de saneamento?”, questiona o professor. Segundo ele, “a bem de um modelo econômico, sacrificamos a comunidade”.
*Para Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o impacto socioeconômico dos empreendimentos será positivo. “Haverá criação de empregos e geração de renda. Será construída uma montadora para fabricação de turbinas na região”, afirma.
*Em entrevista à Agência Brasil, o presidente das Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás), Aloisio Vasconcelos, garantiu que as obras vão desenvolver a região. “Cada usina vai demandar 20.000 pessoas e deverá ser construída ao longo de cinco anos. O que está em andamento é um processo de desenvolvimento”, disse.
*Vasconcelos garante que não há possibilidades de crise energética (apagão) no Brasil até 2010. “A projeção de crescimento do PIB está entre 3,5% e 4%. O setor energético deve crescer entre 5% e 6%, mas projetos estruturantes são necessários agora para que o setor energético acompanhe o crescimento do país a partir de 2011. Precisamos dessas usinas e, depois, da usina de Belo Monte, no rio Xingu”, conclui.
*De acordo com Tolmasquim, da EPE, a energia que será gerada é importante para os padrões brasileiros. “A energia vai atender a área das usinas e será transportada para a região sudeste através de linhas de transmissão de corrente contínua, que serão construídas em seguida”, afirmou. As usinas de Jirau e Santo Antônio devem gerar cerca 6.400 MW de potência.
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Consulta pública deve sair até sexta
*O Relatório de Impacto Ambiental (Eia-Rima) proposto pelo consórcio das empresas Furnas e Odebrecht para a construção das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira, em Rondônia deve ser disponibilizado para consulta pública ainda esta semana. O estudo foi aprovado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) segunda-feira (11).
*De acordo com o Ibama, durante a análise do relatório houve pedidos de complementações que permitiram uma avaliação adequada. Segundo o diretor de licenciamento ambiental do instituto, Luiz Felippe Kunz, “os estudos têm qualidade e avaliaram corretamente, dentro da ciência possível, o impacto que será causado pelos impedimentos [barragens]”.
*O documento formulado pelo Ibama lista as complementações exigidas pelo instituto para que o estudo fosse aprovado. Embora existam pendências, como no item Meio Socioeconômico (que avalia o impacto das obras na vida das populações ribeirinhas), Kunz acredita que já é possível levar o tema para um debate público. “Pela avaliação da equipe, as pendências não levam a um impedimento da discussão”, afirma o diretor.
*Depois de disponibilizado para consulta, o Eia-Rima será debatido em audiências públicas na região afetada pela construção das usinas. O Ibama, então, poderá decidir se o projeto é viável e emitir a Licença Prévia (LP), documento que habilita as empresas a participarem do leilão que definirá quem será responsável pelas obras.