ALERTA - Situação crítica do tempo em Rondônia Por: Daniel Panobianco

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Foto: Divulgação

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*A monotonia das condições meteorológicas em que se encontra Rondônia é preocupante a cada dia que passa. Como fase normal do ciclo de renovação da natureza, esta é a época em que mais se gasta no Estado, sejam gastos públicos ou de interesse próprio. Como também é do saber do povo rondoniense apenas na época de estiagem é que as obras andam em ritmo acelerado ou deveriam andar em muitos dos casos. *Há exatos 100 dias não cai uma gota sequer de água na região central do Estado. Em Ji Paraná a cada dia aumenta o número de pessoas com doenças respiratórias e outras associadas ao tempo seco. Sai mais caro para o governo tratar dos doentes do que asfaltar uma rua contínua da cidade. Ainda bem que temos em mente que Rondônia é um Estado novo, alguns troncos da densa floresta derrubada são vistos por várias cidades e junto a esses mesmos troncos está o desenvolvimento que devido à atuação de nossos governantes continuam atrasando a vida do seu povo. *Não bastasse às condições de infra-estrutura precárias de norte a sul do Estado, o tempo não tem colaborado com ninguém. A intensa massa de ar seco e quente que há meses atua no Brasil Central é a mais forte dos últimos 7 anos no País. Em 1999 enfrentamos uma situação de bloqueio atmosférico onde várias cidades brasileiras, assim como 90% das cidades rondonienses ficaram sem chuva significativa por quase quatro meses. Os níveis de umidade relativa do ar estão em patamares críticos com valores registrados nos últimos dias, dignos de um grande deserto. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), valores de umidade entre 20% e 30% são considerados como estado de atenção, entre 12 e 30% como estado de alerta, e abaixo de 12% como estado de emergência. *A baixa umidade do ar, como a registrada nos últimos dias em Rondônia, não prejudica só quem sofre de doenças respiratórias. Mesmo no caso de quem não tem asma ou bronquite, é comum sentir irritação nos olhos, nariz e garganta. O corpo inteiro sofre com a falta de umidade e problemas de pele também são comuns. A pele resseca e a pessoa elimina mais líquido, o que pode provocar o surgimento de fungos e dermatites. *Alguns cuidados podem ser adotados pela população a fim de amenizar os efeitos do tempo seco: *• Não fazer exercícios físicos depois das 10 horas; *• Evitar a exposição por muito tempo ao Sol entre as 10 e 17 horas; *• Evitar aglomerações em ambientes fechados; *• Usar soro fisiológico para lavar os olhos e narinas; *• Em caso de sangramento no nariz, pressionar levemente o local para estancar o sangue, sempre em pé ou sentado e nunca com a cabeça para baixo; *• Dentro de casa é bom deixar vasilhas com água ou toalhas molhadas em alguns cômodos; *• Ingerir líquidos durante todo o dia; *Em alguns Estados como São Paulo e Goiás até as aulas de educação física dos colégios foram suspensas em virtude da estiagem. Muitos alunos passam mal e acabam desmaiando. Pela terceira vez no mês, os carteiros de Ribeirão Preto suspenderam as entregas domiciliares das 11 às 15 horas. A decisão da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) segue orientação da OMS para casos que, simultaneamente, a temperatura fica acima dos 30 graus e a umidade abaixo de 20%. Na cidade a umidade relativa do ar atingiu na terça-feira(22), o menor valor já registrado no Brasil, incríveis 5% de umidade na atmosfera. Nem em desertos como o Saara na África, registram índices tão alarmantes como o verificado em Ribeirão Preto. *Em Rondônia os menores índices estão concentrados na região central do Estado. Por três dias consecutivos, Ji Paraná e Ariquemes registraram umidade de apenas 15%. Na terça-feira o calor bateu recorde em Ji Paraná com temperatura máxima chegando a 39,2°C às 16 horas. Essa é a maior temperatura registrada no mês de agosto na cidade desde 1999. *Outras áreas do Estado consideradas de clima mais brando também estão em estado de alerta. Em Vilhena a temperatura máxima tem alcançado facilmente os 35°C e umidade em torno de 20%. *No Cone Sul apesar de a umidade estar um pouco mais elevada e o calor não ser tão sufocante, a preocupação é muito grande. Um outro fator que contribui para as doenças respiratórias é a emissão de gases poluentes na atmosfera. Entre o norte e noroeste de Mato Grosso e todo o sul de Rondônia, os valores de emissão de monóxido de carbono e ozônio estão alarmantes. *Numa escala de 100 a 5000 ppm (partes por milhão) Vilhena registrou em altitude 4000 ppm de poluentes graves. O principal fator para a concentração desses poluentes na região é o número de focos de queimadas registrados nos últimos dias. O elemento se torna poluente na atmosfera a partir da reação entre compostos orgânicos voláteis (partículas de gasolina, diesel e álcool) e óxido de nitrogênio, em dias claros e sem ventos. O horário de pico de ação do ozônio vai das 13 às 16 horas. *Um dos fatores preocupantes são os focos de queimadas. Segundo dados preliminares do Ibama houve uma considerável diminuição dos focos de calor, principalmente na região central do Estado onde se concentra a maior parte dos parques e reservas biológicas, mais se compararmos os dados atuais, os focos que predominam em grande escala estão próximos a capital Porto Velho e na divisa com o Acre como nunca antes havia sido registrado. Do dia 1° de agosto até ontem foram detectados pelo satélite NOAA-12, cerca de 1654 focos de queimadas em Rondônia, 70% só na região de Porto Velho. *A fumaça das queimadas que antes rodeavam a capital do Acre agora avançam para o interior rondoniense encobrindo parcialmente o céu. Já faz uma semana que o sol não aparece firme e forte na região, a fumaça deixa o céu acinzentado por todo o período e a sensação de secura aumenta ainda mais. Para agravar a situação, os ventos estão trazendo toda a fumaça das queimadas registradas na Bolívia para Rondônia e Acre, o que denota sérios problemas de saúde a população Amazônica. *Em Brasília, a Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec) mantêm o alerta de tempo seco em Rondônia e nos Estados das Regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste pelo menos até segunda-feira próxima. *As esperanças se voltam agora para a formação de um novo sistema frontal na Bacia do Chaco entre Paraguai, Bolívia e Argentina. A nova frente fria é vista por enquanto como fraca a moderada, onde os principais modelos de previsão numérica sugerem que o sistema não vai conseguir furar o monstro do bloqueio atmosférico que domina 70% do território brasileiro. Se os ventos mudarem de posição em altos níveis da atmosfera, a cerca de 12 mil metros de altitude, existe sim a possibilidade ainda que mínima, de ocorrência de algumas chuvas esporádicas em Mato Grosso do Sul, oeste de Mato Grosso e Rondônia, mais em se tratando de temperaturas o calorão não se despedirá tão cedo, estamos agora entrando no auge da estiagem no Estado, com focos cada vez mais acentuados de queimadas e ilhas de calor de até 40°C dentro dos centros urbanos. *Por outro lado, se dependesse do monitoramento do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) a população de Rondônia, leiga mas não burra, estaria as mínguas com a atual situação do tempo. É lastimável que um programa da categoria do Sipam com investimentos bilionários e centros super equipados, seja ineficiente em não relatar e passar os laudos meteorológicos aos veículos de imprensa. Simples fosse a justificativa da incumbência dos profissionais que o compõe, mas não há como serem tão hipócritas vendo o problema que é sério, escancarado na cara de todos. Monitoraram por todo o período a seca de 2005 na Amazônia e não tomaram providências cabíveis, monitoraram a elevação dos rios Acre e Madeira no início deste ano e deixaram que as águas desabrigassem milhares de famílias. *O projeto Sipam possui um dos programas de computação mais eficientes da América Latina em se tratando de monitoramento e previsão meteorológica. Em toda a região são mais de 500 postos de coletas espalhados coletando dados diariamente. A parceria entre Sipam e o Instituto Nacional de Meteorologia (INMT) de Brasília, não tem a menor importância em Rondônia. E ainda com alguns veículos de imprensa batendo duramente em cima do assunto, negam que é mais importante para o Ministério da Integração Nacional por exemplo, aparecer em público entregando cestas básicas aos desabrigados como se estivessem solidários com os problemas, do que antes de qualquer coisa, fazerem um projeto concreto de alerta antes de o fenômeno ocorrer. *Na última semana, técnicos do Sipam e Inmet divulgaram a imprensa, laudos comparativos com os de 2005 onde deixaram claro a população que não há motivos para alarme com relação à estiagem na Região Norte. Em Rondônia a principal preocupação é para com o nível dos rios, principalmente o Madeira, importante meio de escoamento da produção estadual e porta de entrada de outros produtos e matérias-prima produzidos pelo Brasil e mundo afora. *Nos enoja que pessoas tão serenas com a população de Rondônia sejam incapazes de não detalhar ao pé da letra a situação real dos rios. O nível do Madeira por exemplo, em média chega a ter até 16 metros no período da cheia e agora na seca varia entre 5 e 8 metros, volume que para a Capitania dos Portos é suficiente para a transição de grandes embarcações. O interessante que ninguém da Capitania dos Portos e muito menos os profissionais do Sipam informaram, é que o nível real do Madeira hoje é de nada menos que 2,98 metros. *Basta olhar as embarcações paradas no porto e outras tanto vindo de Manaus tentando trazer a produção para Rondônia, lutando contra os bancos de areia no trajeto. *O que falta para que os inúmeros colegas de imprensa que sempre gostam de atacar os textos publicados e que para muitos chegam a ser ilusionistas, caírem atrás não dos pesquisadores do Sipam ou INMET e sim do Governo Federal e Estadual responsáveis pela negligência de informações repassadas aos mesmos institutos e centros de pesquisa? *Será que nenhum colega da imprensa rondoniense tem em mente que os problemas não estão nos funcionários que compõe os institutos mas sim quem os governa? *A seca do Madeira, ao contrário do que o próprio Ministério de Minas e Energia informa, será altamente prejudicial ao desenvolvimento do Estado esse ano. Estamos apenas entrando no período crítico de estiagem e não há modelo de previsão numérica algum no mundo que venha nos dar uma notícia satisfatória antes da segunda quinzena de outubro. *A corrupção, marca registrada em todos os âmbitos dos poderes em Rondônia e no Brasil, adentra até em serviços vistos antes como, parte sem tanta importância a população. O mais triste é que a mesma corrupção vista na política está cada vez mais presente na tão comentada imprensa estadual. *- *Daniel Panobianco – pesquisador - Ji Paraná-RO
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