Discurso coerente - Por Hamilton Lima

Da Redação

17 de Julho de 2007 às 10:21

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Foto: Divulgação

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Se eu fosse candidato uma das primeiras coisas que teria feito ante mesmo de passar na convenção de um partido seria aprender a construir discursos. Não aqueles textos enfadonhos que poderiam ser confundidos com os brilhantes sermões construídos pelo padre Antônio Vieira ou o texto rebuscado e isolado de Rui Barbosa. *O discurso a que me refiro são as palavras simples que os nichos de eleitores querem ouvir. É assim que agem os marqueteiros, com apoio das pesquisas de opinião e com a análise das tendências de mercado. *E a receita não envolve grandes mistérios. Pelo fato de existirem nichos para quase todos os candidatos. E por que todos não são eleitos? *Por diversos fatores. Alguns por exemplo abusam do poder econômico e afastam os eleitores. Outros são tão pobres que despertam ojeriza dos votantes. E há também os antipáticos, candidatos chatos ou radicais (estes últimos normalmente habitam as hostes da esquerda intelectual), que ao invés de conquistar simpatia para sua causa conseguem inimigos, pois a média mental dos eleitores, seja qual for a idade, não ultrapassa os 13 anos. *Eleitores ingênuos, mesmo entre trabalhadores experientes, constroem ao longo da vida o tipo de discurso que querem ouvir do candidato, da esposa, do patrão, do grupo social no qual estão inseridos. *Embora muitos fiquem espantados, esses nichos de ingenuidade, muitas vezes confundido com comodismo ou alienação, estão presentes também nos bancos universitários. Alguns dos integrantes das universidades brasileiras estão muito distantes da realidade, buscando apenas um diploma para serem inseridos no mercado de trabalho. A proporção não está delineada, mas é grande. *É onde entra o auto conhecimento do político, da busca de identidade com nichos eleitorais. *Tenho visto ao longo de 33 anos de consciência política o desperdício de verbas de centenas de candidatos tentando atingir nichos nos quais são constantemente rechaçados. Muitas vezes culpa da teimosia do candidato, que nunca alcança o objetivo final de seu discurso, outras vezes de parasitas que se colam aos candidatos em busca de favores rápidos. Todo candidato endinheirado é uma cornucópia (espécie de chifre encantado de onde brotam iguarias), vítima preferencial de oportunistas. *Há uns 20 anos assisti petistas pedindo votos a burgueses, burgueses pedindo votos para universitários socialistas, todo tipo de bobagem. Sem falar dos populistas embolados num mesmo reduto. Poucos conseguiram passar pelo crivo dos eleitores. *A esquerda evoluiu lentamente no processo eleitoral. Normalmente era esmagada pelo populismo, pela política assistencialista de coronéis urbanos e rurais. *A esquerda chegou ao poder usando técnicas de marketing eleitoral, e poderá se manter com as técnicas de marketing político. Está fazendo bem isso no governo petista, apesar do bombardeio da mídia conservadora de direita, principalmente através da revista Veja. *O mercado dos votos continua aberto, esperando políticos inteligentes, que tenham ou não estudos superiores, mas que saibam acima de tudo escolher boas estratégias de campanha, evitando conflitos desnecessários e desperdício de material. Na batalha da especialização os mais fortes vencerão. *Professor universitário

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