UM BRINDE À VIOLÊNCIA - Paulo Andreoli

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Foto: Divulgação

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O consumo exagerado de álcool no Brasil atinge status de problema de saúde publica. Em Porto Velho não é diferente. *Aqui, tudo é motivo para “bebemorar”. A conseqüência direta pode ser vista todos os dias nas páginas policiais dos sites e jornais locais. *Quase toda ocorrência policial tem “cachaça” no meio. Fulano estava no bar quando por motivos fúteis matou o amigo. Cicrano chegou bêbado em casa na hora do almoço e bateu na mãe porque a mesma reclamou do seu estado de embriagues. Beltrano alcoolizado provoca acidente com carro oficial. Adolescente embriagado mata figura nacional. Ficou tão normal que a gente se assusta quando não têm a “marvada” no meio. *O álcool, assim como a nicotina , são drogas liberadas para consumo pelo governo. Até ai tudo bem. Droga-se quem quer. *Diferente da nicotina em que a sociedade civil e governo impõem algumas restrições (Proibição de fumar em locais fechados, aviões) e realiza diversas campanhas contra o consumo, seja na TV ou na própria embalagem do produto, o que vemos com o álcool é exatamente o contrário. *Comerciais no horário nobre, com belas garotas e rapazes (já perceberam que ninguém no comercial tem barriga de bebedor de cerveja), patrocínios para futebol e outros esportes (A transmissão da olimpíada tinha patrocínio de uma grande cervejaria nacional) e outros atrativos incentivam o consumo. *Quem mata mais, o álcool ou a nicotina? Se considerarmos os efeitos diretos no organismo, pode-se afirmar que a nicotina mata mais. *Porém se você considerar os crimes em que exista a associação com o álcool, como as mortes no trânsito, crimes contra a vida e outras brutalidades oriundas da embriagues do cidadão, o cigarro vai parecer que é ineficiente como droga. *Aliás, se álcool é droga, quando se noticia que o cidadão estava bêbado pode-se trocar pelo termo Drogado. Não tem diferença. *No Brasil bebe-se a qualquer hora. De manhã você pode chegar em qualquer boteco e pedir um copo cheio de pinga que o garçom prontamente te serve. Não existem restrições ao consumo. *Em Porto Velho, diariamente ouvimos nas rádios, comerciais de festas em que o principal atrativo é a cerveja barata. Existe a máxima que festa que não tem álcool é reunião. Festa só com muita cerveja. *Está na hora da sociedade encampar uma luta para diminuir o consumo do álcool. Uma campanha educativa nos moldes da campanha contra o cigarro poderia ser uma solução. Por exemplo: *Na garrafa de cerveja poderia vir um rótulo com foto de acidentes provocados pelo excesso de álcool ou quem sabe a imagem de um fígado cirrótico ou ainda uma família aos prantos com a legenda que o álcool causa desagregação familiar. *A implantação da lei seca na nossa capital também ajudaria a diminuir os índices de violência. Existem exemplos bem sucedidos de outros municípios que implantaram a lei e diminuíram as ocorrências policiais em até 40%. Agora quem tem coragem de apresentar projeto tão impopular? *Nossas autoridades do setor da segurança pública já cogitaram esta possibilidade, porém parece que caiu a mesma no esquecimento. *Enquanto o governo federal não toma uma atitude em relação ao consumo exagerado de álcool no país (será porque nosso mandatário maior é chegado numa “branquinha”?) vamos convivendo com a violência etílica e achando tudo muito normal. *Com a chegada do final de ano e suas festas de confraternização, prestem atenção nas páginas policiais e tirem suas conclusões. *Um brinde a hipocrisia nacional! *Artigo publicado em 8 de novembro de 2004, com conteúdo ainda atual. È íncrivel como nossas autoridades levam tanto tempo para enxergar e buscar resolver as mazelas que afligem a sociedade. Meus parabéns ao vereador Ted Wilson que teve coragem de apresentar a lei e enfrentar o cartel do álcool em Porto Velho.
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