*Pouco a pouco, o auditório da FIMCA – Faculdades Integradas Aparício Carvalho foi tomado
por acadêmicos, professores e convidados, que queriam ouvir e participar da Mesa Redonda
realizada pela entidade, que trouxera especialistas para debater com os presentes um tema
que tem gerado polêmicas e opiniões diversas.
*VIABILIDADE TÉCNICA E IMPACTO SÓCIO-AMBIENTAL DAS USINAS HIDRELÉTRICAS DO RIO MADEIRA EM
RONDÔNIA foi o tema do debate, que contou com as participações do Dr. Artur Moret, da
Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR, Dr. Geraldo Sena, Presidente do
CREA/RO/AC, Dr. Aparício Carvalho, Diretor Geral da FIMCA, que abriu o debate dando as
boas vindas aos componentes da mesa e a presença do público em geral.
*Foram ainda convidados, Dr. Afonso Goulart Neto, Gerente de Furnas Centrais Elétricas –
Porto Velho/RO; que não compareceu,mas enviou oficio explicando as razões de sua
ausência. Dr. Oswaldo Luiz Pitaluga e Silva, da Gerência Executiva do Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA – PVH/RO; Dr.
Dimitrius Kondegeogos da Associação de Defesa Etno-Ambiental Kanindé e também não
compareceram.
*A imprensa também prestigiou o evento. O jornalista da TV Allamanda, Valdir Alves
entrevistou a Coordenadora do Curso de Turismo Ambiental, Profª. Heldelícia Souza, que
organizou o evento junto a Direção Geral da entidade e o Coordenador do Curso Ciências
Biológicas, Prof. Antonio Hernandes. Heldelícia falou sobre a importância do debate,
principalmente com a participação do público e dos acadêmicos de vários cursos da FIMCA.
A repórter Yonara Werri, da Rede TV local, esteve ali e entrevistou Prof. Artur Moreti,
Dr. Geraldo Sena e Dr. Aparício Carvalho.
*Estiveram presentes no auditório da FIMCA, Drª. Maria Silvia Carvalho, Diretora Geral da
Faculdade Metropolitana, Prof. Ademar Scheidt, Coordenador do Curso de Administração,
assim como os docentes, Wilson Petisco, Heloísa Watanabe, Maria de Nazaré,Edna Maria,
Anderson Machado, Jenilson Prado,Giselle Saldanha e Rafael Ricci.
*O debate teve participação ativa da platéia, que contou com a presença de acadêmicos dos
cursos de Turismo Ambiental, Ciências Biológicas, Administração, acadêmicos de Mestrado
de Desenvolvimento Regional UNIR/RO, de Sistemas de Gerenciamento Ambiental UNIRON, e
Prof. Roberto Miyai, também da UNIRON.
*O cerimonial do evento contou com a participação das acadêmicas Catia Aramaio e Agardênia
Freire, ambas cursando o 1º período do Curso de Turismo Ambiental.
*Durante o debate, Prof. Artur Moreti falou da questão sobre se a construção de usinas
hidrelétricas no Rio Madeira seria mesmo um empreendimento para alavancar a economia do
nosso estado e trazendo geração de emprego. Prof. Moreti, mostrou-se pessimista e afirmou
que existem algumas questões que precisam ser melhor estudadas. Segundo ele “os estudos
para construção não estão sendo feitos de forma que possamos avaliar, porque o mesmo não
está de acordo com a legislação. E se não está de acordo, não temos como analisar de
forma abrangente”.
*Moreti acrescentou que outra questão a se discutir é o impacto que isso terá na cidade,
isso sem falar nas questões ambientais, que segundo Moreti afirmou também não foram bem
feitas, ele citou também que outra preocupação é o mercúrio que está no Madeira, e
perguntou – “o que será feito com esse mercúrio?”. Mais adiante falou que ao redor do
Madeira, normalmente o lençol freático sofre, “desta forma é arriscado que o mercúrio que
está no rio entre no lençol freático e isso, com certeza será ruim para população de
Porto Velho, contaminando todos os poços, a água que é captada para cidade e então a
situação ficará difícil no que se refere à saúde”, finalizou.
*Dr. Geraldo Sena, atual Presidente do CREA falou da relação do órgão com o
empreendimento. Ele declarou que o CREA-RO tem sido um dos poucos órgãos a se preocupar
em discutir sobre o assunto. Ele contou que em 2005, o Conselho Regional de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia de Rondônia, realizou seminário em Porto Velho, com a presença de
várias lideranças para discutir e debater sobre a construção da hidrelétrica no Madeira e
no final a comunidade do CREA se mostrou favorável a construção. Dr. Geraldo foi taxativo
ao dizer que “é necessário que haja o envolvimento da sociedade. O que verificamos neste
seminário é que a sociedade não está envolvida, e se não houver esta interação, os
possíveis benefícios nós podemos perder. A intenção é que este empreendimento traga
progresso para toda população e não apenas uma melhora de vida para poucas pessoas”.
*Indagado como a população poderia se envolver mais, Dr. Geraldo respondeu que “em
primeiro lugar, conhecer o empreendimento; temos de saber onde vai ser, o que vai ser,
como será construída, porque, como vai ser construída, vai necessitar de mão de obra, se
especializada ou não. Outro detalhe importante deste empreendimento é que ele vai gerar
muita energia, muita riqueza, que a gente poderá aproveitar aqui mesmo e vai gerar uma
contrapartida grande, pois como vai haver um grande impacto ambiental quanto a isso terá
que existir uma contrapartida financeira, e temos que exigir seja disponibilizado em
locais que ela possa reproduzir, por em exemplo, em universidades, produzir conhecimento,
e não apenas fazer uma obra que termine dentro de um ou dois anos, temos que pensar
sempre a longo prazo, precisamos ter este empreendimento para melhorar vida da população
durante muitos anos”.
*Durante o debate foi levantada uma a questão relacionada à mão de obra especializada, e
Porto Velho tem condições de atender a demanda de um empreendimento como este. Dr.
Geraldo explicou que “sim, Porto Velho tem mão de obra”. “O que está acontecendo”,
completou ele, “temos aquela mão de obra especializada simples; pedreiro, carpinteiro,
que é treinada em até quatro meses e temos outras mais capacitadas que são os biólogos,
engenheiros, que demandam mais tempo”. O presidente do CREA fez questão de frisar que
existem esses profissionais no Estado e que os mesmos precisam na verdade de reciclagem.
Afirmou ainda que Rondônia conta com empresas capacitadas para realização de vários
serviços, pois o empreendimento possui determinadas características que precisam ser
supridas por firmas altamente especializadas como é o caso de FURNAS, ODEBRECH, Geraldo
encerrou declarando que “neste momento esta mão de obra nós não temos, mas para fazer as
casas de apoio, as estradas, as plantações, para fazer alimentação, a questão de
transporte, temos condições sim”..
*Como participante da mesa e homem envolvido com educação e saúde, Dr. Aparício Carvalho,
sabendo que o assunto tem gerado muita polêmica e dividindo opiniões, ele como Diretor
Geral da FIMCA, analisa este empreendimento e assim como a iniciativa de trazer pessoas
para um debate sobre este assunto na faculdade.
*“O mais importante é que estamos vivendo um momento democrático onde as idéias estão
sendo colocadas e estão sendo debatidas dentro da faculdade. Eu acho que realmente a
academia é um local de debate neste sentido, estamos aqui discutindo a viabilidade dessas
hidroelétricas e seu impacto no meio ambiente, este é o papel mais importante numa
sociedade, discutir o meio ambiente onde vivemos. E todo grande empreendimento que está
sendo feito em Rondônia merece uma discussão profunda. E infelizmente o representante de
FURNAS não compareceu ao debate, e nós lamentamos muito mas os acadêmicos não apenas da
FIMCA, mas outras universidades que estão presentes neste debate estão enriquecendo em
conhecimento e abrindo cada vez mais o espaço para que a democracia possa ser ampliada no
sentido de discutir os nossos problemas e chegarmos a soluções viáveis”.
*Para finalizar, Dr. Aparício disse ainda que “já que a hidroelétrica vai ser construída,
porque não discutir sobre isso com a sociedade que irá receber os benefícios ou os
malefícios? Por isso a FIMCA se sente extremamente feliz hoje por poder congregar tantas
pessoas e tantas idéias diferentes para debater”.