Mesmo com a corrida tecnológica de lançamentos diários nas plataformas digitais de música, o vinil mantém-se no mercado, desde a década de 1940.
O vinil voltou a fazer parte do dia a dia dos brasileiros, mas não foi somente o período de reclusão e isolamento social da pandemia que o trouxe de volta.
Além da venda de vinis antigos para colecionadores, lançamentos atraem público de todas as gerações e resgatam todo o ritual envolvido no ato de ouvir músicas nas vitrolas.
Mercado do vinil
Uma das principais alterações que motivaram essa nova subida do vinil foi o interesse de novas gerações por esse formato. “Há cinco anos, o que não é muito tempo, o vinil estava na moda, porém era um público consumidor ainda muito definido.
Oitenta por cento dos compradores de vinil eram homens entre 40 e 60 anos”, explica João Marcondes, sócio e cofundador da loja de discos Marcondes & Co., no ramo há cinco anos, participando e organizando feiras de vinil.
O disco começou a ser mais cobiçado quando os jovens, enfim, entraram na equação. “Houve um salto muito grande de consumo, principalmente nos últimos dois ou três anos.
A galera millennial entrou com muita força e muitos começaram a recomprar também”, conta Marcondes. O interesse ao que está na moda, refazer coleções de parentes, heranças, reconectar-se com passado, são vários os motivos dos compradores de vinil, mas foi por essa nova onda de consumidores que o vinil voltou a ser cobiçado.
“O que tem acontecido com o mercado de fato é o aumento dos preços, as pessoas até reclamam, mas é inevitável, aumentou muito a demanda”, explica o sócio da Marcondes & Co.. “Certos discos que eram comuns começaram a sumir. Hoje, não é mais fácil achar um Led Zeppelin ou um Pink Floyd, que, antigamente, eram comuns, você comprava a R$ 50”, completa.
Ritual
Retirar o vinil da capa, limpá-lo, preparar a vitrola, posicionar a agulha. O processo envolve um ritual, para muitos, mais atraente, do que colocar e clicar em alguma música no Spotify, por exemplo. “Você senta para escutar o vinil.
Não coloca para tocar e sai para fazer outra coisa. Existe a curiosidade de saber a ficha técnica, para ver quem está no solo de guitarra. O vinil carrega todo um comportamento.”, ressalta Josiele. “A gente entende que o vinil é tratado como um objeto de arte”, complementa Rafael.
“Muitas pessoas usaram a música para criar relações dentro de casa, vi gente comprando vinil para mostrar uma música para o filho e quebrar o gelo da conversa”, exemplifica João Marcondes. “Ouvir vinil tem todo um ritual envolvido, você manuseia a música que vai ouvir”, completa.
Ao lado do irmão Paulo Moreira, Josiele relembra que aprendeu a gostar de vinil na infância, quando escutava com o pai. Em 40 anos, nunca deixou de ouvir o estalo rústico característico do modelo de disco. Sentar na poltrona, colocar um fone de ouvido e parar para apreciar o álbum são lembranças de Josiele. “Isso faz com que o vinil seja especial”, pontua.
Fonte:Correio Brasiliense