Madeira-Mamoré dá início ao processo de reconhecimento

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Foto: Divulgação

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A lendária Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, cujo centenário foi comemorado em agosto, poderá ser reconhecida, nos próximos anos, como Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco. O primeiro passo foi dado na última sexta-feira (9), em Guajará-Mirim, durante a cerimônia de inauguração do novo museu ferroviário – que funcionará no histórico prédio da antiga estação ferroviária.
Totalmente reformado de acordo com sua arquitetura original, o prédio foi entregue à população de Guajará-Mirim pelo governador Confúcio Moura. Na oportunidade, o governador foi convidado a assinar a petição do Iphan – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – que dará início ao longo processo de reconhecimento internacional da ferrovia.
O documento, apresentado na solenidade pela deputada federal Marinha Raupp, está sendo proposto pelo procurador do Iphan no Estado, Ricardo Leite, com objetivo de recolher assinaturas suficientes para a consulta inicial junto à Unesco.
Arqueologia
Na mesma solenidade, na sexta-feira, estiveram presentes os diretores do Instituto de Estudos Históricos do Peru (Inehpa), Francisco Pantigoso e Oscar Hare. A convite do Governo de Rondônia, eles visitaram as ruínas da ferrovia e fizeram um levantamento prévio desses locais.
Durante dois dias, os pesquisadores peruanos percorreram antigas estações e pontes de ferro, que estão literalmente abandonadas desde que a ferrovia foi desativada, no final da década de 1960. Eles destacaram a importância histórica da Madeira-Mamoré, mas alertaram que muito trabalho terá que ser feito antes que a ferrovia possa se candidatar junto à Unesco.
“As instalações devem estar em perfeitas condições, é fundamental mostrar que existe uma preocupação local em se preservar tão importante material do ponto de vista da história e da formação do Estado de Rondônia”, diz Pantigoso. “Do contrário, será inútil pensar em reconhecimento internacional”, confirma.
Instituto
Com mais de 30 anos de experiência no âmbito da investigação histórico-arqueológica, incluindo as batalhas e acontecimentos históricos dos séculos XIX e XX, o Inehpa conta com um museu em Lima, no Peru, e uma trajetória internacional de cooperação técnica na preservação de armas, como as utilizadas durantes as batalhas do Acre e também da Guerra do Paraguai.
Contando com técnicos, arqueólogos, historiadores e investigadores de alto nível, contribuindo inclusive para o processo que resultou na escolha da cidade inca de Machu Pichu como Patrimônio da Humanidade, o Inehpa vem a Rondônia para contribuir no processo que envolve a Madeira-Mamoré.
“Rondônia tem um material maravilhoso, mas necessita ser preservado para que a ferrovia reúna condições de ser examinada pelos peritos da Unesco”, ressalta Oscar Hare. Para o embaixador do Peru no Brasil, Jorge Bayona, além do reconhecimento das Nações Unidas, esta poderá ser também uma oportunidade para reativar um trecho da Madeira-Mamoré para passeios turísticos de trem.
Cooperação
No fim de semana, a sala de conferências da antiga Estação da ferrovia em Porto Velho foi palco do evento “Cooperação Cultural e Turística de Brasil e Peru no Centenário da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM)”.
O encontro, promovido pela Secretaria Estadual de Cultura, Esporte e Lazer (Secel), Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Turismo (Semdestur), Superintendência Estadual de Turismo de Rondônia (Setur) e Fundação Municipal Iaripuna, com apoio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Social (Sedes), teve como palestrantes os diretores do instituto Inehpa, de Lima (Peru).
Neste encontro cultural, além das visitas aos campos históricos por onde passou a estrada e as visitas protocolares, foram apresentados os trabalhos de investigação realizados em diversos países, gerando escavações arqueológicas, preservação de pecas antigas de diverso material e a montagem de museus de sítio.  
Diretor do Inehpa e um dos maiores especialistas latino-americanos em estudos sobre ferrovias, o conferencista peruano Elio Galessio destacou a “necessidade de se preservar em Rondônia esse grande passado ferroviário, tendo em conta diversas propostas museológicas e turísticas já existentes no mundo”.
Direito ao esquecimento

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