Saga do trabalhadores da Madeira-Mamoré abre VI Encontro Nacional da Memória da Justiça do Trabalho

Saga do trabalhadores da Madeira-Mamoré abre VI Encontro Nacional da Memória da Justiça do Trabalho

Saga do trabalhadores da Madeira-Mamoré abre VI Encontro Nacional da  Memória da Justiça do Trabalho

Foto: Divulgação

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A “Saga dos Trabalhadores da Estrada de Ferro Madeira Mamoré” é o tema da conferência de abertura do primeiro dia do VI Encontro Nacional da Memória da Justiça do Trabalho.    O evento vai ser realizado pela primeira vez no município de Porto Velho, de 17 a 19 de outubro, e aberto às 19h no auditório do TRT da 14ª Região.
A conferência de abertura será proferida pelo economista e historiador Anísio Gorayeb, às 19h30, após   a reunião do Fórum Nacional em Defesa da Memória da Justiça do Trabalho, prevista, de acordo com a programação, para às 15h, no Plenarinho, 4º andar do Tribunal.
Às 20h15 acontece o lançamento dos “Anais do V Encontro Nacional”, realizado no TRT da 8ª Região – Pará/Amapá. Em seguida, às 20h30, a juíza aposentada Lídice Canella lança o livro “As Viagens dos Vassalos do Rei Salomão ao Rio das Amazonas”.
Povoamento da Região
O estado de Rondônia, criado em 1982, a partir do Território Federal de Rondônia, foi formado por terras originalmente pertencentes aos estados do Mato Grosso e Amazonas. A colonização da região aconteceu no século XVIII quando portugueses se instalaram no vale do Guaporé e montaram, de acordo com o professor da Universidade Federal de Rondônia, Marco Antônio Teixeira, um sistema de ocupação e colonização baseado no tripé: mineração, escravidão ocupação militar das fronteiras.
O professor do Departamento de História, coordenador do GEPIAA/UNIR, mestre em História e doutor em Ciências Socioambientais, explica no artigo “A Presença Negra em Rondônia: As Estruturas do Povoamento”, escrito em parceria com o doutor em Ciências Sociais, Dante Ribeiro da Fonseca, e a bacharel em Ciências Sociais, Juliana Moratto, que, os escravos africanos foram a base deste sistema e, após o fracasso da empreitada colonial, núcleos de negros permaneceram na região, isolados e reorganizados, constituindo-se em um dos grupos negros que viriam a formar as modernas populações de Rondônia.
Outro eixo importante para o povoamento negro do estado, ressaltam os historiadores: foi formado pelos afro-caribenhos, aqui chamados barbadianos. Esse contingente de trabalhadores especializados foi deslocado para o vale do Madeira e do Mamoré a fim de atuar na construção da ferrovia Madeira Mamoré e sua história vincula-se à história da ferrovia e das cidades que surgiram em função dela.
Os afro-caribenhos ou “barbadianos” trouxeram para os vales do Madeira e do Mamoré as tradições anglo-caribenhas. Estabeleceram-se como mão de obra especializada tanto na construção, quanto, posteriormente na administração da EFMM. Sua procedência de colônias britânicas centro-americanas diversas possibilitou-lhes destaque no contexto das várias nacionalidades que atuaram nas obras da ferrovia.
Ao instalarem-se na região já letrados e com formação escolar, evidenciaram profunda diferença em relação ao restante do conjunto de trabalhadores negros nacionais, caracterizando-se como um grupo especializado e considerado superior.
Essa distinção foi-lhes extremamente favorável e os colocou na situação de integrantes da nascente classe média regional. Tal fato foi percebido pelo grupo como vantajoso e deve ser visto em um contexto altamente específico, um momento onde negros eram tidos como inferiores e o Estado Nacional promovia claramente ações de cunho racista e buscava desenvolver políticas públicas cujo objetivo final eram o clareamento da população mais escura.
Os barbadianos apresentavam aspectos favoráveis neste contexto, pois eram letrados, tinham profissão industrial e urbana, sua cultura anglicanizada e protestante os distanciavam do universo cultural e religioso dos negros locais. Enfim, esse grupo apropriou-se das diferenças e, mesmo sob as fortes pressões das políticas racistas regionais constituiu-se em um elemento chave para a formação da sociedade regional, oferecendo às cidades de Porto Velho e Guajará-Mirim profissionais altamente especializados como médicos, enfermeiros, professores, pastores e bibliotecários. Serviram como tradutores e interpretes e, mesmo de forma discreta e pouco visível, marcaram definitivamente o povoamento da região, tendo algumas famílias atravessado o Mamoré e instalado-se na Bolívia, enquanto outras ainda migraram para o Amazonas e para o Acre.
Os barbadianos concentraram-se em áreas específicas na região de Porto Velho. Seus vínculos com a EFMM os mantiveram sempre em suas imediações, ainda hoje. A Vila da Candelária, local do antigo hospital e cemitério construídos pelos ferroviários é o seu ponto de residência mais expressivo na capital do estado.
O Encontro terá continuidade quinta-feira (18) com os temas “A Função Social dos Autos Findos a Preserveção e a Eliminação”, “Memória digital - Desafio de Preservar a Memória Digital para ss futuras Gerações”; e encerrado sexta-feira (19) com a mesa redonda “A Justiça do Trabalho na Amazônia História e Desafios” e a plenária final.
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