Momento Lítero Cultural – XLVIII - Por: Selmo Vasconcellos

Momento Lítero Cultural – XLVIII - Por: Selmo Vasconcellos

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Foto: Divulgação

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*SELMO VASCONCELLOS - Porto Velho, RO. Poeta, cronista, contista, antologista, divulgador cultural e editor da página literária impressa semanal “LÍTERO CULTURAL”, desde 15.agosto.1991, em parceria com o saudoso amigo/irmão/escritor José Ailton Ferreira “Bahia”, falecido em 21 de setembro de 2005, no jornal Alto Madeira.Com cerca de 1450 colaboradores no Brasil e mais em 35 países. Obras publicadas (poesia e prosa): REVER VERSO INVERSO (1991), NICTÊMERO (1993), POMO DE DISCÓRDIA (1994), RESQUÍCIOS PONDERADOS (1996) e LEONARDO, MEU NETO (antologia,2004). Livretos independentes (poesia): MORDE & ASSOPRA e suas causas internas e externas (1999), DESABAFOS em memória de ROY ORBISON (2003), Revista Antológica “Membros da Galeria dos Amigos do Lítero Cultural” (2004) e poesias traduzidas para o francês, inglês, alemão, italiano, japonês, russo, grego chinês, polonês e espanhol. www.selmovasconcellos.zip.net. *- *MEMBROS DA GALERIA DOS AMIGOS DO LÍTERO CULTURAL *- *ALICE RUIZ *- *Alice Ruiz nasceu em Curitiba, PR, em 22 de janeiro de 1946. *Começou a escrever contos com 9 anos de idade, e versos aos 16. Foi "poeta de gaveta" até os 26 anos, quando publicou, em revistas e jornais culturais, alguns poemas. Mas só lançou seu primeiro livro aos 34 anos. *Aos 22 anos casou com Paulo Leminski e pela primeira vez, mostrou a alguém o que escrevia. Surpreso, Leminski comentou que ela escrevia haikais, termo que até então Alice não conhecia. Mas encantou-se com a forma poética japonesa, passando então estudar com profundidade o haicai e seus poetas, tendo traduzido quatro livros de autores e autoras japonesas, nos anos 1980. *Teve três filhos com o poeta: Miguel Ângelo Leminski, Áurea Alice Leminski e Estrela Ruiz Leminski. *Estrela também é uma grande poeta: acabou de lançar um livro, junto com o Yuuka de Alice: Cupido: Cuspido e Escarrado (ambos saíram pela Editora AMEOP, de Porto Alegre) - provando que, filha de duas feras, essa Estrela tem luz própria. *Alice publicou, até agora, 15 livros, entre poesia, traduções e uma história infantil, que você pode conhecer clicando em Bibliografia. *Compõe letras desde os 26 anos - a primeira parceria foi uma brincadeira com Leminski, que se chamou "Nóis Fumo" e só foi gravada em 2004, por Mário Gallera. A poeta tem mais de 50 músicas gravadas por parceiros e intérpretes. Está lançando, em 2005, seu primeiro CD, o Paralelas, em parceria com Alzira Espíndola, pela Duncan Discos, com as participações especialíssimas de Zélia Duncan e Arnaldo *Antunes. Para conhecer essas gravações e os parceiros da poeta, dê uma olhadinha em Discografia! *Antes da publicação de seu primeiro livro, Navalhanaliga, em dezembro de 1980, já havia escrito textos feministas, no início dos anos 1970 e editado algumas revistas, além de textos publicitários e roteiros de histórias em quadrinhos. Alguns de seus primeiros poemas foram publicados somente em 1984, quando lançou Pelos Pêlos pela Brasiliense. Já ganhou vários prêmios, incluindo o Jabuti de Poesia, de 1989, pelo livro Vice Versos. *Já participou do projeto Arte Postal, pela Arte Pau Brasil; da Exposição Transcriar - Poemas em Vídeo Texto, no III Encontro de Semiótica, em 1985, SP; do Poesia em Out-Door, Arte na Rua II, SP, em 1984; Poesia em Out-Door, 100 anos da Av. Paulista, em 1991; da XVII Bienal, arte em Vídeo Texto e também integrou o júri de 8 encontros nacionais de haikai, em São Paulo. *As aulas de haikai são uma experiência única para quem já fez - Alice convence a gente que no fundo de cada um existe um poeta louco pra despertar, e descobrimos surpresos que sim, é possível! *Quer saber mais sobre Alice Ruiz? Então passeie pelas páginas do site - e depois não se esqueça de escrever pra ela, contando o que você descobriu aqui! *- *CARÔ MURGEL *Historiadora *##### *ANIBAL BEÇA *CONFISSÃO ANUNCIADA *- *Caminho o transitório bem tranqüilo *por que me soube, desde muito cedo, *flecha veloz, arco e alvo, num estilo *de quem despe o taxímetro do enredo *- *numa velocidade sem sigilo. *Nunca o subterfúgio. Nunca o medo. *Pelo menos aquele com vacilo *de transgredir. Não. Nem me sei rochedo. *- *Meu corpo alberga o frágil nesse asilo *em que só vencedores têm lugar. *Sou campeão de perdas. Foi cochilo, *- *creio, me ter um sócio do bazar *de Fernando Pessoa. Sim, pugilo *pelos ringues, no entanto, sem ganhar. *##### *NEUSA ZANIRATO *NORTE E SUL *- *Estranho vento: *mesmo soprando lento *uniu, num só destino, *o norte e o sul. *Desatino? *Ou foi a mão do Divino *que brincando igual menino *fez de dois somente um? *- *23/03/2007 *##### *IVY MENON *bóia-fria *- *um dos meus maiores medos, *quando menina, bóia-fria, *era o amanhecer. *ainda de madrugadinha, *minha mãe preparava a comida *que ia no embornal da família *e o cheiro de café me acordava. *- *os gravetos estalando no fogão *o bater das tampas e colheres *o frigir do óleo na panela *eram para mim o cantar do galo no telhado *- *e eu tremia com esses ruídos *a labuta chegara de novo *e eu não teria escolha. *o corpo ainda doído, de ontem, *mais uma vez, ultrapassaria limites. *- *sim, eu tinha muito medo do nascer do dia. *o sol trazia em seu rastro *o caminhão, a enxada, a moringa *o chapéu de palha, a marmita *e a exaustão das ruas de soja *para serem carpidas. *- *e a imensidão dos cafezais *para serem colhidos. *e a cana para ser cortada *e o feijão para ser arrancado *e debulhado e ensacado... *- *e o algodão branco em flor *era arrastado nos fardos *amarrados em minha cintura *deixavam rastros profundos no chão, *por onde meus pés descalços trilhavam. *- *há uma cruel democracia *nos eitos capinados por bóias-frias. *homem e mulher, menino e menina *preto e branco são todos iguais *parceiros da mesma sina *não há discriminação *o salário é feito, a paga distribuída *de acordo com o trabalho contado, *medido, ao fim do dia. *- *eu cresci metendo a enxada no chão *sangrando junto com a terra vermelha *vertendo suor no rosto *vendendo a força dos meus braços finos *- *e eu temia. *mais que o nascer do dia *eu temia não ouvir o frigir das panelas no fogão *eu temia perder a esperança do prato de comida. *##### *ARTUR GOMES *Ind/gesta *- *uma caneta pelo amor de Deus *uma máquina de escrever *uma câmera por favor *um computador *nem que seja pós/moderno *- *vamos fazer um filme *vamos criar um filho *deixa eu amar a Lídia *que a mediocridade *desta idade mídia *não coca cola mais *nem aqui nem no inferno *##### *SILAS CORRÊA LEITE *Poesia Infanto-Juvenil *Melancia *- *Quando curioso perguntei à minha mãe *De onde é que eu tinha vindo *Ela respondeu meio sorrindo *Que tinha me catado numa várzea *Assim como quem colhe Melancia *- *Perguntei o lugar certo, ela apontou *Com o nariz meio arrebitado *O fundo do quintal, entre a nascente *E eu fui lá sondar contente *Mas só havia água e lodo, a travessia *- *Será que euzinho vim da lama *Indaguei para a mãe que me ama *Ela disse que tinha me lavado *E feito uma oleira, de bom grado *Tinha me dado alma e serventia *- *Fiquei olhando a mãe nesse dia *Imaginando-a anjo e artista *Ela fingindo nem dar na vista *Tinha nas mãos barro que floria *Mas eu por certo ainda cresceria *- *Fiquei guri e nem bem jovenzinho *Senti-me limão-cravo com espinho *Até que minha mãe engordou *De outro irmão - outro piazinho *E eu então captei naquele dia *- *Minha mãe de alma olaria *Catava na várzea o filho que queria *Punha dentro do coração e sabia *Pro íntimo o filhote logo iria *Ser sua bela barriga de melancia *##### *HELENA JORGE *VENENO *- *A casa está imersa *no bojo de uma noite *sufocante e enluarada. *- *Um silêncio morno *caminha pelas paredes, *povoadas de aromas *e sons tardios... *- *Tua presença *ainda pica minha pele. *Ave de rapina, *serpente enfeitiçada, *traiçoeiro escorpião... *- *Tateio o espaço vazio. *Deito, ávida de estrelas... *E é teu o veneno que *sinto escorrer do *meu corpo. *##### *REGINA POUCHAIN *- *Quixeramobim *negro assim *arredondado assim afivelado *bem ao lado por debaixo *emburrachado *em direção a mim me sobressalta *negro afroafrontandoafrodisíaco *encouraçado que me rapta *potenkin seussapato *negro assim seussapato *s e u s s a p a t o preto assim *seu desenho seu estilo *semicírculos semi-retas *preto assim *seussapato viravolta *seussapato viravolta s e u s s a p a t o *seu chapéu hiperhipnótico *seussapato seu chapéu *quesseráquesserá *cuiabáquixadáquixeramobim *preto assim s e u s s a p a t o *ai de mim *##### *NEIDE ARCHANJO *CANSEI *- *Cansei da solenidade, da formalidade *da metáfora. *Cansei da mão guardada por dentro *e daquele gesto medido, comedido. *Mudei de opinião. Acerca de quase *tudo: *pessoas, obra de arte, vida, profissão. *Não quer dizer que fiquei melhor, *nem pior. *Fiquei diferente. *Conservei as aparências, o mesmo *trabalho *cotidiano, a mesma casa, os mesmos *horários, *a mesma cidade. *E a vida continuou *subterrânea *vital *líquida corrente *ainda que seu percurso de carne e *argamassa *congelasse a superfície. *Ainda não sei se sou radical. *É a única questão a resolver. *Quanto ao resto, amigos, *mudei *como se muda a vista breve de uma manhã *ou a arquitetura de um vôo. *##### *GUSTAVO ADONIAS *CIDADÃO QUEM *- *"Cidadão quem *Acorda todo dia *Já atropelado pelo relógio *Engole o café de sua vida requentada *Se despede da mulher com um beijo mecânico, sem emoção *Reza antes de bater a porta *E sai com a madrugada sob seus pés *- *Pega condução *Sua única condição *De chegar em seu subemprego *E bater o ponto da aflição *- *Trabalha feito burro de carga *Só para na hora da bóia *Arroz, feijão e medo do mundo cão *- *No fim do dia *Chega em casa mais morto que vivo *Mal fala com a mulher *Nem vê o filho, órfão de pai vivo *- *Com a barriga vazia *Vai deitar sobre seus trapos *E sonhar com um mundo melhor *Antes de acordar para o pesadelo da realidade *- *Cidadão sem cidadania *Cidadão quem? *Cidadão ninguém." *##### *MARISA ZANIRATO *Pontes *- *Escrevo, olhando para um ponto *onde suponho estejam os seus olhos, *lagos serenos em que me vejo inteira; *escrevo, e vou justapondo palavras, *como quem constrói um ninho, *um lugar de aconchego e de carinho; *escrevo e, propositalmente, omito *a palavra encantada, *por parecer desbotada *diante do brilho e das cores do que sinto; *escrevo e brinco com a alegria inesperada *de sonhar acordada e levantar na madrugada *para contar aos astros o meu segredo. *Escrevo olhando para um ponto *onde suponho estejam os seus olhos *e, com palavras, vou fazendo pontes *que cobrem o espaço *que existe entre os seus braços e os meus abraços. *##### *SIRLEY VILLALBA *PARAGUAY *DOMINGO *- *Entumecido en el suspiro *extraviado de un mapa. *- *Descolocado en el regazo *lisiado de las horas. *- *Revuelto en el hueco *enardecido de los miedos. *- *Harto en el estruendo *ciego de las palabras. *- *Derrotado en el aire *homicida de un domingo. *- *Allí está mi corazón... *- *Deshabitado en el abrazo *manco de la muerte. *- *Fonte : www.poetasdelmundo.com *#####
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