A divulgação das mensagens trocadas entre Moro e os procuradores da Lava-Jato está sendo chamado de vazajato
Foto: Divulgação
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O destino político do ministro da Justiça, Sérgio Moro, vai depender de eventuais novas divulgações de mensagens trocadas entre ele e interlocutores envolvidos direta ou indiretamente com as investigações da Lava-Jato. Essa é a opinião de especialistas que acompanham a crise deflagrada, no último domingo(9), com a publicação, pelo site The Intercept, de diálogos hackeados do então juiz Moro e de membros do Ministério Público Federal (MPF) no Paraná.
“Claro que é preciso aguardar novos desdobramentos, mas, na quarta-feira(12/6), por exemplo, o colunista Reinaldo Azevedo, com o editor do The Intercept, divulgou mais um diálogo comprometedor entre Moro e Deltan Dallagnol, agora citando, inclusive, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal”, disse ao Correio o procurador da República na Bahia Rômulo Andrade.
O procurador se referiu a um diálogo, igualmente hackeado, em que Dallagnol conta a Moro: “Fux disse para contarmos com ele para o que precisarmos, mais uma vez. Só faltou, como bom carioca, chamar-me para ir à casa dele rs”. Segundo Andrade, aos poucos, a situação do ministro da Justiça vai ficando mais difícil, apesar do forte apoio popular à Lava-Jato.
“Moro tem demonstrado, especialmente nos diálogos já divulgados, uma promiscuidade muito grande com o Ministério Público Federal, uma coisa que o juiz não pode fazer; ele não pode combinar estratégia de investigação, isso não existe no processo penal. Isso fere a imparcialidade, compromete, torna o juiz suspeito. E, se o juiz é suspeito, o processo é nulo”, afirmou.
“Na minha opinião, o conteúdo das conversas entre Moro e Dallagnol ainda não pode ser considerado comprometedor, pois demanda uma investigação mais detalhada”, disse a advogada Vera Chemin, consultora da NWADV. “Ademais, é imprescindível que se julgue, com a devida imparcialidade, a origem lícita ou não daquele vazamento. É claro que, independentemente de o vazamento ser ou não legal, as supostas provas de eventuais desvios de conduta têm validade, pois são autônomas, isto é, têm vida própria. Daí a importância da investigação. Por tais razões, a permanência de Moro no Ministério ainda não fere a ética.”
Já o professor Paulo Calmon, do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), disse que, embora seja cedo para definir o futuro político de Moro, há indícios de uma conduta inadequada, que pode afetar sua credibilidade.
“E há também sinais de que existem outros indícios, que serão revelados mais à frente, envolvendo o juiz e a equipe de procuradores que participou da Operação Lava-Jato”, frisou. “São acusações graves envolvendo agentes públicos importantes e que conduziram a maior operação de combate à corrupção no Brasil, que resultou na prisão de políticos, empresários e um ex-presidente da República. Há, portanto, uma demanda para que sejam dados esclarecimentos adequados por parte do agora ministro.”
O historiador e brasilianista americano James Green, da Brown University, de Rhode Island, declarou que a divulgação dos diálogos demonstra que Moro sempre atuou movido por interesses políticos. “Acho que seu futuro como ministro da Justiça depende, em grande parte, de se o The Intercept divulgará ou não mais documentos incriminatórios, que demonstrem conivência com o promotor em inclinar o caso de Lula e o de outros a favor da condenação”, ressaltou. “Se mais informações condenatórias forem divulgadas na próxima semana, acho que Moro estará desempregado.”
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!