Por que sempre tem irmãos envolvidos em ataques terroristas

A história se repetiu na quinta-feira (17), no ataque à Espanha que deixou 15 mortos

Por que sempre tem irmãos envolvidos em ataques terroristas

Foto: Divulgação

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Você provavelmente já leu esta notícia mais de uma vez: “os autores de tal atentado terrorista eram irmãos”. Foi o caso do ataque à maratona de Boston em 2013, e também do massacre na redação do semanário satírico francês “Charlie Hebdo” em 2015. Os responsáveis cresceram juntos, e planejaram juntos também seus atentados — preocupante e recorrente padrão nestes crimes.

A história se repetiu na quinta-feira (17), no ataque à Espanha que deixou 15 mortos. As autoridades acreditam que uma célula radical de 12 pessoas executou o crime — quatro famílias faziam parte dessa organização terrorista, vindas da mesma cidadezinha no norte da Catalunha.

A primeira família, os Abouqaaqoub: Younes, 22 anos, era o motorista que atropelou pedestres em Barcelona. Ele foi morto na segunda. Seu irmão, Housainne, 19 anos, participou do atropelamento em Cambrils, no mesmo dia, onde morreu. Ambos eram marroquinos, mas cresceram em Ripoll.

A segunda, os Hychami: Mohamed, 24, e Omar, 21, morreram também em Cambrils. Eles planejavam descer do veículo e esfaquear civis na orla dessa pequena cidade catalã. O arsenal dos irmãos incluía uma machadinha. Mais uma família, os Aallaa: Mohammed, 27, cujo carro foi utilizado no atentado, está detido. Said, 18, morreu em Cambrils, e as autoridades buscam um terceiro irmão: Youssef, que pode ter morrido em uma explosão em Alcanar. Por fim, os Oubakir: a família de Moussa, 17 anos, morto em Cambrils, e de Driss, 27, detido em Barcelona. Driss se entregou às autoridades e, por enquanto, não está confirmado que ele estivesse envolvido na trama terrorista.

Uma reportagem do jornal britânico “Guardian” nota que, apesar do número extraordinariamente alto de conexões familiares, o fenômeno é previsto pela literatura acadêmica sobre a radicalização. “O terrorismo é uma forma altamente social de ativismo, e a pressão dos pares é um fator-chave. Indivíduos se interessam por ideias e se comprometem com um curso de ação porque outros tiveram as mesmas ideias e desenvolveram o mesmo comprometimento”, escreve Ian Cobain.

Um estudo feito há dois anos pelo think tank New America mostra que mais de 25% dos militantes que viajaram à Síria e ao Iraque para se unir à facção radical Estado Islâmico tinham conexões com outros jihadistas, tanto por casamento ou por laços familiares. Por exemplo, Abdullah Deghayes, 18, e o irmão Jaffar, 17, de Brighton. Uma pesquisa da Pennsylvania State University sugere que 64% dos “lobos solitários” atuaram com algum conhecimento de familiares e de amigos.

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