A saída de notas de 100 bolívares foi a justificativa usada pelo presidente Nicolás Maduro para fechar as fronteiras com Brasil e Colômbia. Com o Brasil, o trânsito foi reaberto na segunda (19) para carros e, no dia seguinte, para pedestres.
Foto: Divulgação
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Nas ruas venezuelanas, uma nota de 100 bolívares, a mais alta do país, vale apenas US$ 0,04 e não alcança nem sequer para um café na padaria. Nas mãos de falsificadores no exterior, porém, os bilhetes podem se transformar em até US$ 100.
A saída de notas de 100 bolívares foi a justificativa usada pelo presidente Nicolás Maduro para fechar as fronteiras com Brasil e Colômbia. Com o Brasil, o trânsito foi reaberto na segunda (19) para carros e, no dia seguinte, para pedestres.
Ao explicar a medida, Maduro disse que a Venezuela é vítima de "mãos de máfias vinculadas à direita" apoiadas pelo Departamento de Estado dos EUA, que estariam tirando o dinheiro em circulação para desestabilizá-lo e derrubá-lo do poder.
Os indícios, no entanto, sugerem que a motivação seja apenas criminal. Nos últimos meses, houve ao menos sete grandes apreensões de bolívares só no Brasil.
Quatro delas ocorreram em Roraima. A maior foi no dia 30 de março, em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela. Um palestino foi preso pela PM com 17,5 milhões de bolívares em notas de 100 escondidas no carro –o equivalente a 175 mil cédulas.
As outras ocorrências foram registradas em Guaíra (PR), Santa Terezinha de Itaipu (PR), ambas na fronteira com o Paraguai, e em Barra do Turvo (SP).
Na cidade paulista, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu, em dezembro de 2015, 3,91 milhões de bolívares em notas de 100 e 50. No câmbio paralelo, o valor equivale apenas a US$ 1.419.
O caso mais curioso é o de Santa Terezinha, onde a PRF encontrou, em setembro, 470 mil bolívares no carro de uma dupla sertaneja. Eles alegaram que receberam de um músico boliviano por um serviço prestado.
A Polícia Federal se recusou a comentar o uso de bolívares por falsificadores.
Um eventual uso para lavagem de dinheiro é, na prática, inviável. A moeda venezuelana é não-conversível, ou seja, não pode ser trocada legalmente por outra moeda.
Além disso, o bolívar vem se desvalorizando rapidamente: 60% nos últimos dois meses. O poder de compra é tão baixo que, em alguns estabelecimentos venezuelanos, as vendas são feitas pesando maços de bilhetes, tamanha a quantidade de notas necessárias para fazer compras simples, como de supermercado.
Segundo relatos da imprensa venezuelana, existe um grande comércio de notas de 100 na fronteira com a Colômbia. Em troca, o vendedor recebe 140 bolívares.
De acordo com peritos colombianos citado pelo jornal "El Tiempo", o bilhete venezuelano é ideal para a falsificação devido a seu baixo custo e por conseguir passar sem ser detectado em alguns tipos de teste de autenticidade.
Em março, o jornal "The Guardian" entrevistou um dos principais falsificadores de dólares do Peru, que usa notas de 10 bolívares para fabricar bilhetes de US$ 100.
No processo, explicou o falsificador, o bilhete é descolorido para que seja impressa a imagem de Benjamin Franklin (1706-1790).
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!