Feira de produtos roubados opera livremente - VÍDEO

Feira de produtos roubados opera livremente

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Foto: Divulgação

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Conhecido como “Feira do Rolo”, comércio informal de Ceilândia opera sem restrições a poucos quilômetros do centro de Brasília e a apenas 150 metros de uma delegacia de polícia Imagine a seguinte situação: em um mesmo lugar, é possível encontrar aparelhos celulares, instrumentos musicais, eletroeletrônicos, peças de cozinha, roupas e até itens para banheiro. Tudo por preços extremamente baixos, com descontos que chegam a até 80% em comparação àquilo que se encontra normalmente em lojas especializadas. Tudo parece perfeito, se não fosse por um detalhe: vários destes produtos são itens furtados ou roubados na capital federal, Brasília e nas cidades satélites do Distrito Federal (DF). Outro detalhe: tudo isso é vendido a poucas dezenas de quilômetros do centro de poder do País e a menos de 150 metros de uma delegacia de polícia.

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A chamada “Feira do Rolo”, conhecida também como “Robauto”, é realizada em Ceilândia, cidade-satélite distante 26 quilômetros de Brasília. Todo domingo pela manhã, assaltantes do Distrito Federal se infiltram entre pessoas comuns, que simplesmente querem se livrar de produtos usados que têm em casa. Quem tem em mãos um produto furtado, consegue passá-lo adiante livremente. O mais curioso é que essa feira, que funciona sem autorização do Governo do Distrito Federal (GDF), é realizada todo o domingo, nas Quadras Norte O (QNO) 11 e 13 de Ceilândia. A própria Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Distrito Federal conhece o local, admite os problemas, sabe que existe venda de produtos roubados no local, mas alega que não realiza ações de combate à marginalidade semanalmente para não criar uma situação “traumática” para a região.

Conforme a secretaria, é justamente a mistura entre pessoas comuns e bandidos que dificulta o trabalho dos policiais. Nenhum produto vendido por lá tem nota fiscal e são poucos os vendedores que conseguem explicar de onde vem o produto usado que oferecem. Segundo informações de moradores da Ceilândia, é justamente aí que o consumidor comum tem como saber se o produto é furtado ou não.

No domingo dia 19 de maio, vários vendedores abordaram a reportagem do iG oferecendo produtos provavelmente furtados. Nenhum deles soube explicar a origem dos itens. Um deles irritou-se ao ser questionado sobre isso. Uma guitarra Condor, por exemplo, cujo preço de mercado chega a aproximadamente R$ 1.000, foi oferecida por apenas R$ 200. O instrumento musical estava desafinado. O vendedor afirmou ser proprietário da guitarra e disse tocar o instrumento há aproximadamente um ano. Mas ele se negou a afinar o instrumento na frente da reportagem e falou apenas “aperta aí os botões que a guitarra afina”, disse, referindo-se às tarraxas de afinação do instrumento.

Em outro momento, um vendedor tentou repassar um aparelho de DVD que na loja custa aproximadamente R$ 150,00 por apenas R$ 50. O produto tinha um adesivo com o nome de uma pessoa chamada Cláudia. O vendedor, no entanto, irritou-se ao ser questionado da procedência do produto. “Você é da polícia?”, disse. Em pouco menos de uma hora transitando pela “Feira do Rolo”, a reportagem do iG recebeu ofertas de aparelhos de videogame, aparelhos celulares, tablets, notebooks, relógios de marcas famosas e até bicicletas. No caso das bicicletas, houve peças com valor de mercado na casa dos R$ 500, que eram oferecidas por R$ 100. Além desses produtos, também é fácil encontrar itens pirateados, como DVDs, por exemplo. As negociações entre vendedores e consumidores ocorrem livremente e as abordagens são rápidas e diretas. Muitos daqueles que tentam repassar produtos furtados ficam no local por pouco tempo, com medo de uma eventual abordagem policial. Algumas pessoas que estão semanalmente no local confirmam.

“O nosso problema aqui é que tem muito bandido infiltrado. Isso não colabora com quem trabalha honestamente”, admitiu uma vendedora, que não quis se identificar. “O fato é que muitos assaltam e repassam o produto ali mesmo. Isso é conhecido de todo mundo de Ceilândia”, contou uma moradora que também não quis se identificar, com medo de retaliações. Uma viatura da Polícia Militar chegou a passar pelo local, mas não houve abordagens nesse dia. A feira funciona dentro do “Setor O” da cidade-satélite, ao lado de uma feira tradicional da região.

Esse mercado tradicional, inclusive, ficou conhecido há menos dez anos por ser um dos principais pontos de prostituição na área. A reportagem do iG entrou em contato com a Secretaria de Segurança do Distrito Federal e o órgão informou que existem operações periódicas na região. No entanto, moradores da área contam que nenhuma ação de combate à feira foi realizada nos últimos três meses. A Polícia Militar também foi procurada, mas não retornou.

De acordo com o art. 180 do Código Penal, “adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio” produtos furtados é crime passível de prisão de um a quatro anos mais multa.

 

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