Roraima - Indígenas começam a fazer ocupação da reserva Raposa Serra do Sol

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Foto: Divulgação

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Desilusão, abandono e temor. Esses são os sentimentos que cruzam pela cabeça dos moradores que foram desapropriados da reserva indígena Raposa Serra do Sol, após a publicação do edital com os nomes das primeiras famílias que deverão deixar a área a partir da próxima segunda-feira. *A maioria já teve suas terras cercadas por índios que estão apenas aguardando a saída dos proprietários para ocuparem as fazendas a serem abandonadas. Em alguns locais, os índios colocaram até mesmo gado dentro dos currais pertencentes às fazendas. *Esta é a situação enfrentada pelo pecuarista Terêncio Tadeu de Lima, 63. Ele herdou as terras do sogro Dandãe, um dos pioneiros da história de Roraima. A fazenda São Raimundo, localizada à margem esquerda do Surumu em Normandia, tem mais de dois mil hectares e é uma das poucas terras tituladas pelo Incra. Emocionado, seu Terêncio mostra fotos da fazenda e disse que o local secular sempre foi seu lar. Ele afirmou que se sente desprotegido e não sabe mais a quem recorrer. *“Não sei nem quanto vão me pagar pelas terras. Nós, que somos donos, não podemos nem dar o preço pelo lugar onde vivemos a vida inteira. Não temos para quem recorrer nem como pedir ajuda. Não posso nem lutar pelas minhas terras, pois já estão invadidas. É melhor um herói vivo do que morto. Eles estão lá dentro das minhas terras, agindo como urubus, esperando a vaca morrer”, disse. *Apesar da desilusão com a situação que enfrenta, seu Terêncio afirmou que não vai aceitar qualquer preço pelas terras. Ele também está preocupado com o local para onde será mandado. *“Eu acho que as terras que tenho valem mais de R$ 1 milhão. Se oferecerem menos, eu tiro meu gado de lá e vou para Justiça. Em relação ao local que escolheram para me colocar, ainda nem sei onde fica. Não consigo pensar em nenhuma terra de Roraima que dê para fazer assentamento de tanto pecuarista. Tenho gado e cada cabeça precisa ao menos de 10 hectares. Se me colocarem em mata fechada, como vou cuidar do rebanho se só vou poder desmatar 20% dos 500 hectares que receber? O que dá para criar nesse espaço?”. *O pecuarista disse que se sente triste e desiludido com tantas incertezas. “Eu não posso ter alegria nem tristeza. Eu não tenho raiva, mas acho que é uma força grande que está por trás disso tudo. A gente tem que abaixar a cabeça e pronto, porque não tem para quem correr. Acho que vai acontecer o mesmo que houve com os yanomami, que hoje estão abandonados e nem remédios conseguem ter”, frisou. *VILA PEREIRA - Outro que também vive nessa situação é José Pereira, 68, morador da Vila Pereira, no Surumu. Ele foi um dos primeiros moradores do local, chegando na vila em 1942. O roraimense já perdeu duas fazendas que ficavam na área indígena São Marcos e agora está perdendo a casa que construiu na Raposa. *“Minha esposa nasceu no Surumu e eu tenho dois filhos que nasceram lá. Fico muito triste, porque minha família é toda enterrada lá. Não vou questionar mais esta expulsão, já estou muito velho para gastar dinheiro com advogado. Eu já me acostumei com a expulsão. O impacto maior foi quando perdi as minhas terras no São Marcos. Tudo que é ruim a gente acostuma. Vou ver o valor da indenização deles. Se for o que vale, eu vou aceitar, senão vou pra Justiça”.
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