Faca no peito, não!

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O senhor Carlos Marun, ministro e interlocutor do governo Temer, condicionou a liberação de recursos federais a estados e municípios desde que governadores e prefeitos pressionassem deputados a votarem pela aprovação da reforma da previdência.

 

O governador de Rondônia, Confúcio Moura, reagiu com veemência, dizendo que não aceitava pressão e que Marun não falava pelo presidente. O prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves, não respondeu.

 

Age, o senhor Marun, como se os deputados federais fossem um rebanho dócil capaz de se amoldar aos caprichos e devaneios do governo federal. É bem verdade que alguns parlamentares rezam na cartilha do fisiologismo, o dínamo da administração Temer, mas há exceções. Pouquíssimas!

 

Exemplo disso é a deputada federal Mariana Carvalho (PSDB). Mesmo contra a orientação de cúpula partidária, ela foi uma dos três parlamentares de Rondônia que votaram contra o arquivamento das denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer.

 

Os outros cinco votaram a favor. Por isso, não creio que ela usaria seu voto como moeda de troca. Esse não é o estilo da Mariana. Falo com autoridade de quem acompanhou de perto sua passagem pela Câmara de Vereadores de Porto Velho.

 

O senhor Marun foi, no mínimo, irresponsável, ao abrir a boca para dizer tamanha asneira. Mas o que se esperar de um governo que tem um Marun como articulador político? A condição de homem público impõe posturas que devem respeitar essa dimensão.

 

Há, por parte dos que estão nesse posto, um compromisso de respeito à dimensão pública e isso, entre outras atitudes, exige a vigilância para não particularizar ou não administrar como se o lugar os bens públicos fossem propriedades de uns poucos.

 

Não será, jamais, colocando a faca no peito de governadores e prefeitos que o senhor Marun vai conseguir os votos de que o governo Temer precisa para fazer passar no plenário da Câmara dos Deputados a malfadada reforma da previdência.

Deputados, mesmo aqueles aliados do presidente, não podem ignorar a responsabilidade que têm como pessoas eleitas para cumprir um mandato, muito menos tentar empurrar à população essa conduta do senhor Marun como ato normal.

 

Há, da parte de homens e mulheres desta terra, exigências maiores que esperam ver assumidas, de maneira responsável, por quem administra e legisla em nome dos sagrados interesses da sociedade. O sentimento popular experimentado é o de vergonha de ver um governo e um Congresso Nacional – com as devidas exceções - ser noticia por esse tipo de espetáculo.

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