O preço da separação

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Como não é mais novidade para ninguém, os vereadores Jair Montes e Marcelo Cruz deixaram a base de sustentação do prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves. A decisão teria partido do próprio Hildon, que usou os meios de comunicação para justificar os motivos da separação política.

Não sei até que ponto o racha foi vantajoso para o prefeito, conquanto respeito sua vontade, mas não posso deixar de reconhecer que ele precisará, doravante, munir-se de paciência tibetana para resistir às pressões, sem explodir a sua raiva.

O líder do prefeito, na Câmara, vereador Alan Queiroz, por sua vez, vai precisar colocar em prática novas estratégias de defesa para tentar barrar, no plenário, a enxurrada de requerimentos convocando secretários e auxiliares de segundo escalão para prestarem esclarecimentos.

Apesar de ser uma prerrogativa legítima do parlamento, o expediente, em ocasiões outras, foi usado como instrumento para pressionar o inquilino do palácio Tancredo Neves.

Não quero com isso dizer que o prefeito deveria ter entregado a chave da prefeitura aos dois vereadores e exercer um papel meramente decorativo, uma espécie de rainha da Inglaterra sem poder, mas nada que uma conversa amigável não pudesse mudar o rumo dessa história. Agora, que a lua de mel acabou, é esperar para ver o que vai acontecer.

Segunda feira 9, Jair apresentou um requerimento convocando as duas responsáveis pelas compras de medicamentos e materiais básicos para a saúde. O placar foi apertado. Jair perdeu por um voto, provavelmente o do vereador Jacaré, dias antes, responsabilizado pelo prefeito de não apresentar-lhe as demandas dos moradores de Vista Alegre (base eleitoral do parlamentar), durante reunião com moradores do local.

Na terça feira, 10, porém, durante audiência pública marcada para discutir os problemas da saúde municipal, proposta por Jair, Jacaré foi à tribuna e disse que, “apesar de ser Jacaré, não tinha rabo preso com ninguém”, um recado curto, duro e direto ao prefeito.

Na Comissão de Constituição, Justiça e Redação, da qual é presidente, Marcelo Cruz analisa tudo, com lupa. Não deixa passar nada. Cruz e Montes estão cercados de bons assessores. São auxiliares vorazes, pagos para encontrar até agulha no palheiro, motivo pelo qual o prefeito terá de redobrar a atenção, sobretudo antes de assinar qualquer documento.

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