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MINIBIOGRAFIA
Carioca, licenciado em Letras (Português – Literaturas) pela UFRJ, mestre e doutor em Língua Portuguesa pela mesma instituição, com pós-doutorado em Língua Portuguesa pela USP. Participante de vinte e três antologias literárias. Autor do livro de contos A angústia e outros presságios funestos (2017). Professor de oficinas de Escrita Criativa. Revisor de textos.
ENTREVISTA
SELMO VASCONCELLOS - Quais as suas outras atividades além de escrever?
CÉSAR MANZOLILLO – São todas atividades ligadas, de alguma maneira, ao universo literário. Tenho formação em Letras (Português – Literaturas) e atualmente me dedico a escrever, a fazer revisão e preparação de originais e a ministrar oficinas literárias (Escrita Criativa). Além disso, promovo eventos literários (bate-papos com autores). Todos que estão ligados ao universo do livro precisam se esforçar para difundir a Literatura. Não se pode contar apenas com iniciativas governamentais. É necessário aumentar a quantidade de leitores. No Brasil, ainda se lê muito pouco.
SELMO VASCONCELLOS - Como surgiu seu interesse literário?
CÉSAR MANZOLILLO – Acho que a escola e a família têm alguma coisa a ver com isso. Desde cedo esse interesse surgiu, nem sei dizer exatamente como. Decidi fazer Letras e não parei mais. Foi um processo natural.
SELMO VASCONCELLOS - Quantos e quais os seus livros publicados?
CÉSAR MANZOLILLO – Publiquei um livro de contos chamado A angústia e outros presságios funestos (2017). Além dessa obra individual, tenho participação em outras vinte e três coletâneas e antologias.
SELMO VASCONCELLOS - Qual(is) o(s) impacto(s) que propicia(m) atmosfera(s) capaz(es) de produzir poesias?
CÉSAR MANZOLILLO – A inspiração surge a todo momento de onde menos se espera. Um filme, uma notícia de jornal, um texto literário, uma situação presenciada na rua... São muitas possibilidades. A sensibilidade e o olhar atento fazem a diferença.
SELMO VASCONCELLOS - Quais os escritores que você admira?
CÉSAR MANZOLILLO – Graciliano Ramos, Nelson Rodrigues, Florbela Espanca, Manuel Bandeira, Dalton Trevisan, Ruy Castro, Augusto dos Anjos... Não falta gente boa.
SELMO VASCONCELLOS - Qual mensagem de incentivo você daria para os novos poetas?
CÉSAR MANZOLILLO – Quando a vontade de expressão artística (literária) é forte, incentivos não se fazem necessários. A gente simplesmente faz.
POESIAS
POLAROIDE
Venho vasculhando com avidez meus pertences nos últimos meses
Encontrei um retrato grande, provavelmente tirado na década de 1980
Não tenho a menor lembrança do instante de nascimento desse registro
Me vejo elegante, jovem, expressão indecifrável e distante
Naquela ocasião, meu rosto já exprimia um certo enfado dirigido ao mundo
Nunca fui fotogênico e sempre tive por hábito fugir das câmeras
A perenidade me intimida
Nas mãos, minha própria imagem e a seguinte questão:
o que fazer com esse enigma emoldurado.
TRAGÉDIA FELINA
O gato preto e só
No muro
Ínfimo, um ponto escuro na vastidão
Azar, malogro
Desdita, infortúnio, revés
O sol no céu
Verão abrasador
O gato preto e esquivo
Sem dono
Sem pausa nem paradeiro
O pau certeiro no couro do gato
Perfura a carne
Sem adversidade nem angústia
A dor do gato preto atordoado
Não comove ninguém
O pau preciso no couro do gato
O riso, marfim exitoso e pleno
Satisfação deleitosa do ato
O sangue turvo do gato preto
Colore o muro
E goteja o chão
Expirar é apenas questão de sina
MUSEU
O acervo
O esqueleto
O dinossauro
O crânio
O fóssil
A baleia
A múmia
A pesquisa
Foge daí, Luzia, você vai se queimar!
A inépcia
A chama
O descaso
O fogo
Mais nada.
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!