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01-LARI FRANCESCHETTO – Veranópolis, RS. (Em memória)
PAISAGEM
Na calçada, Roberto, de terno,
pasta marrom, gel no cabelo.
Na calçada, Maria, morena,
guarda no ventre uma rosa.
Na calçada, Cintia, de minissaia,
oferece sua calma
ao operário com pressa.
Na calçada, Carlos, quinze marços,
vende pedaços de sonho.
Na calçada, Antônia, setenta anos,
reclama do outono.
Uma criança na calçada,
pés descalços, olha a lua.
É madrugada. É inverno.
O mundo continua
m i s e r a v e l m e n t e
belo.
02-JEAN-PAUL MESTAS – Paris, FRANÇA (Em memória)
PROPHÉTIE
Il fera froid dans ce pays
dont les palmes sont tristes
elles mangues amères.
Un jour ses plages s’enfuiront,
ses refuges se fermeront
sous un ciel devenu aphone.
Ne l’oublie pas quand tu iras
au-devant d’une autre lumière
enfin paisible, enfin comblée
par d’indiscutables victoires.
PROFECIA
Estará frio nesse país
em que as palmeiras são tristes
e as mangas amargas.
Um dia as suas praias fugirão
os seus refúgios fechar-se-ão
sob um céu tornado áfono.
Não o esqueças quando fores
ao encontro duma outra luz
afinal pacífica, afinal cheia
de indiscutíveis vitórias.
Tradução: NEUSA ZANIRATO – São Paulo, SP.
(professora de francês e italiano, poetisa, escritora e tradutora)
03-EMIL DE CASTRO – Mangaratiba, RJ.
PROCURA
Procura-se um homem
morto. Morava na praia.
vivia de vento e areia.
Dormia ao sereno, sem frio.
Não sentia dores, não tinha
crises de consciência.
Um homem sem lanterna
para andar nas noites
sem fé ou teogonia.
Vivia no tempo, tristeza não
vinha calar sua voz de tenor.
Era um pássaro e cantava
livre. Sem grades nem gaiola.
Procura-se um pássaro
que voou sem destino.
Era um homem e amava
sua praia e o mar sem porto
todas as cores da areia
e a mulher bordada na espuma
das ondas encharcavam sua canção
de puro amor. 1984
04-ANDERSON BRAGA HORTA – Brasília, DF.
NÓS, O HOMEM
Mineiro noturno, escavo
minhas minas de angústia.
Uma luz na testa –
um caminho, antolhos, parede de pedra.
Uno e múltiplo,
solidário e solitário, respiro
pó e treva. E esperança.
Escavo a terra,
mas de mim mesmo extraio as minhas gemas.
Elas brilham no escuro,
iluminam meus medos e meus tédios,
minha força e minha fé.
Ajo e contemplo-me.
Escavo, escravo : de antever-me
lavado em névoas matutinas.
E vou, retórico e despido,
a caminho de mim.
05-IVES GANDRA DA SILVA MARTINS – São Paulo, SP.
NAVEGAR
Naveguei pelo toque de teus lábios
Nos meus dedos de porto solitário,
Esquecido que o mapa dos mais sábios
Desconhecia o mar imaginário.
Naveguei, dirigido pelos astros
De teus dentes abertos para o espaço,
Enfunadas as velas destes mastros
Pela força de teu sorriso lasso.
Naveguei, despejando as velhas sondas
Que a terra medem pelo som da sorte,
Indo o barco, que eu tinha sobre as ondas
Buscando o cais meridional do Norte.
Naufraguei, todavia, em dois escolhos,
Encontrados no golfo de teus olhos.
06-GLENDA MAIER – Rio de Janeiro, RJ.
POR DO SOL
Um vulcão de luz a explodir na tarde
Repousando, sereno, em montanha escura
Que retém, em si, os segredos da Terra
A se refletir nos céus.
Lentamente a luz se refrata em raios
Que dividem o céu, como se possível fosse
A montanha escura, tem debruns de fogo
O olhar humano, extasiado, espera....
Que a luz reinante permaneça viva
Nas entranhas escuras desta terra em transe
Que o fogo etéreo estanque o sangue, a guerra
Irradiando em corações-montanhas.
é no pôr do sol que entendemos a vida
Que em momentos brilha, a ofuscar a mente
E depois se esconde na escuridão dos medos
Mas se mantém montanha, disponível ao sol.
07-ILMA FONTES – Aracaju, SE.
Ir Reverência
Senhor do indigesto
do estarrecido
do insuportável
Senhor dos desgarrados
dos destemidos
dos desgraçados
Senhor do diferente
do errado
do incerto
Senhor dos desertos
Sois o mesmo da coisa certa
Que me acerta o peito
Quando me perco?
Senhor do esterco!
08-CLÁUDIA BRINO – São Vicente, SP.
Detalhes da neblina
Nem tudo o que ele vê é real
O gato recria cores no copo de absinto.
Ele cobre o rosto com a mão somente para não vê-lo
recriando milagres.
O gato dando saltos cai no abismo
dentro do olhar de ambos.
09-VIEIRA VIVO – São Vicente, SP.
Chama
A chama bailava
e o bailado
era pura combustão
Era um maná de quentura
abstrata arquitetura
entre a fagulha e o carvão
E um elo de energia
entre a luz e a escuridão
10-DJANIRA PIO – São Paulo, SP.
O Seu Retrato
Na caixa velha
esquecida num canto
encontrei coisas antigas.
Lembranças tão esquecidas
de estradas esmaecidas.
Bem no fundo
havia seu retrato.
Um três por quatro
desbotado
mostrando
um quase sorriso
estático.
Rememorei esse tempo
tão longe
que tenho certeza
foi nosso.
E lá se foi
o seu retrato.
11-QUAL A IMPORTÂNCIA DA BIBLIOTECA PARA VOCÊ?
NEUSA ZANIRATO – São Paulo, SP.
Biblioteca é um universo de cultura e sonhos, disponível para qualquer pessoa que tenha sede de saber, conhecer, reconhecer, aprender, sonhar, viajar... Não faz distinção de raça, credo, classe social ou posição política. É a história da vida, do mundo, é o conhecimento e a informação, o saber e a ficção, é a forma maior de democracia da aprendizagem.
Diria ainda mais, talvez por ser uma apaixonada por livros, que é um templo sagrado. Pudessem os governantes ter consciência da importância de uma biblioteca para cada comunidade, valorizá-la, enriquecê-la, dar o devido reconhecimento aos funcionários que a elas se dedicam e a preservam! Creio que assim ajudariam imensamente na formação de nossos jovens, na formação de uma geração mais consciente, informada e preparada para lutar por um mundo melhor, mais fraterno, um mundo de paz e solidariedade, de cultura e conhecimento.
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