MOMENTO LÍTERO CULTURAL

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01-Coluna dedicada à MARIA JOSÉ ZAMORA – Londrina, PR. (Galeria dos Amigos do Momento Lítero Cultural).

 

02- ASCENDINO LEITE – João Pessoa, PB - EM  MEMÓRIA

AGRADA-ME pensar na lua cheia sem danos no seu diâmetro. Melhor conservar sua forma arredondada e seu clássico matiz de ouro, cingindo o peito azul do céu, como o seu radioso jeito de condecoração.

Pensar assim com a lua é uma boa oportunidade de sonhar como uma criança.

 

03-JOSÉ MAURO DE VASCONCELLOS (Bangu, Rio de Janeiro, RJ - 26 de fevereiro de 1920 – São Paulo, SP - 24 de julho de 1984). Escritor brasileiro.

Você vai achar a vida linda...

Sempre depois que chove...

 

04-ANTONIO CARLOS SECCHIN – Rio de Janeiro, RJ.

ARTE

Poemas são palavras e presságios,

pardais perdidos sem direito a ninho.

Poemas casam nuvens e favelas

e se escondem após no próprio umbigo.

Poemas são tilápias e besouros,

ar e água à beira de anzóis e riscos.

São begônias e petúnias,

isopor ou mármore nas colunas,

rosas decepadas pelas hélices

de voos amarrados contra o chão.

Resto do que foi orvalho,

poema é carta fora do baralho,

milharal virando cinza

pelo incêndio do espantalho.

 

05-JOÃO SCORTECCI – São Paulo, SP.

Do anúncio mágico

e dos sinais de trem

- que não existem - nunca

uma surpresa que motiva:

silêncio absoluto das locomotivas.

 

06-RONALDO WERNECK – Cataguases, MG

NUNCA SEM POESIA

 

dois dias sem comer

sobrevive um ser

saudável: subvive

 

sem poesia, não:

não vive nem um dia

- nunca sem poesia

 

07-ANDERSON BRAGA HORTA – Brasília, DF.

PRECE

 

Sofro de medo de sofrer.

Como custa e como dói crescer.

Saber-me divino,

e temer.

Perdoa-me, Senhor,

a minha pequenez.

 

08-OLGA SAVARY – Rio de Janeiro, RJ.

Nome

 

Não eram lírios os lírios

caídos na areia, caídos

na areia roxa da noite

quase noite.

Não eram lírios, não eram

como tua sombra, eu sei,

mas eram muito mais lírios

que os lírios. Por isso

de lírios os chamarei.

 

09-ANTÔNIO LÁZARO DE ALMEIDA PRADO – Assis, SP.

SABER, SABOR...

 

Tudo me sabe a chama,

Tudo me chama e sabe

A textura, subtil,

A secreto vislumbre,

A gosto de perfumes,

A deslumbrante apelo

De ritmos nascentes...

 

10-ALCIDES BUSS – Florianópolis, SC.

TESTAMENTO

 

Sou de carne, de osso

e de nuvens. Exponho-me

aos ventos. Ser meu ser

falhar, darei as sobras

de mim ao deserto

dum único amor.

 

11-DANIEL MAURÍCIO – Curitiba, PR.

Ausência...
Baila um perfume
Ao vento.
Quando a saudade bate,
Eu apanho.

 

12-CHRIS HERRMANN – DUISBURGO, ALEMANHA.

Retrato falado

 

abri a gaveta
e encontrei a menina
perambulando perdida

na rua da infância.

 

13-DJANIRA PIO – São Paulo, SP.

Primavera

 

Já é tempo
dos pássaros
cantarem.

Cantam como loucos.
Felizes como loucos.
Ouço-os
feliz como louca

 

14-ELENICE DORNELES – São Luís Gonzaga, RS.

Bordando a vida
As linhas do destino
Escolhe as cores
As dores
E os amores.

Ponto a ponto

Nó por nó

Cada letra, uma cor

Pra recordar
 

15-AGUEDA MAGALHÃES -  João Pessoa, PB.

Passos leves

alma livre.

Asas brancas

amparam-me caminhada

na imensa travessia de luz

não sou voo

mas conduzo-me

liberdade

 

16-CRISTINA SIQUEIRA – Tatuí, SP.

Sufoco


Braços retorcidos
em galhos finos
Cercam o Mandacaru

Como se fosse um abraço

Nem os espinhos

se fazem valer

só existe pedra e terra seca

 

Só existe morte

 

17-CARMEN REGINA DIAS – Cascavel, PR.

As estrelas correm com galáxias.

Eu corro com lobos.

As estrelas buscam o infinito.

Eu vou ao encontro de mim mesma.

Um dia elas se apagarão

Mas, eu, não.

Eu serei o que sou: Luz.

 

18-MARCELO NOVAES  - São Paulo, SP.

Procura a Ouvidoria e ouve:

“As coisas têm prazo de validade;

ser jovem é ter pouca idade, e não

se sentir como se tivesse.”

 

19-LUCIANA ELEOTÉRIO –  Cacoal, RO.

Já foste rio
Hoje és riacho
Tuas águas
Já foram límpidas
Suas margens

Inspiravam liberdade

Teu povo heróico

Já foi livre

Hoje, por escolha

É escravo.

 

20-FRANCISCO MARTINS – Parnamirim, RN.

VÃ PROMESSA

 

Todos os anos é sempre assim,
Desde que a conheci que sou testemunha.
Ela promete que não vai chorar
Com a chegada dos filhos
Seus lindos filhos!
Mas quem disse que ela suporta?
Derrama-se em lágrimas,
Molha o chão, cobre-o com estames,
De cor púrpura.
E o lindo tapete prenuncia a chegada dos jambos.

 

21-SELMO VASCONCELLOS – Porto Velho, RO.

Naturalmente

uma fonte de fluidos maravilhosos

jorrou em nossos caminhos,

e nos envolveu profundamente.

 

Sentimos coisas puras e reais.

 

Magia de duzentos anos passados.

Encantos escondidos no nosso castelo.

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