Flordelis, Zé Arigó e Padre Cícero. Personalidades de épocas diferentes, mas com algo em comum, as trajetórias de vida incomuns focadas em relatos biográficos contundentes, assustadores, intrigantes e reveladores.
A primeira, uma moça pobre que conseguiu superar os obstáculos impostos pela vida sem nenhuma perspectiva. Virou pregadora evangélica, cantora gospel, ficou famosa por adotar crianças em situação de risco e se tornou a deputada federal mais votada.
Porém, nem tudo era o que parecia e é sua história que o jornalista e escritor Ulisses Campbell revela sem retoques no livro "Flordelis, a pastora do diabo". A obra traz relatos assustadores e revela a rede de corrupção, sexo entre irmãos, crimes e mentiras forjadas por Flordelis para criar sua falsa imagem de mulher de Deus.
O segundo, Zé Arigó, um dos mais conhecidos e polêmicos médiuns que o Brasil já conheceu. O livro escrito pelo norte-americano John G. Fuller, traz o que muitos consideram o relato mais fiel sobre a história de Arigó, suas curas por meio de cirurgias nas quais usava apenas um canivete, uma faca pequena e até mesmo uma simples colher. Acusado pelo Conselho Nacional de Medicina, de charlatanismo, e pela igreja católica como "adepto de feitiçaria e cultuador do diabo", o médium virou objeto de pesquisas e estudos de médicos, cientistas e pesquisadores ligados ao sobrenatural, não apenas no Brasil como nos Estados Unidos.
O relato de sua história está no livro "Arigó e o espírito do doutor Fritz", que dizia incorporar para realizar os procedimentos. Ele ganhou fama e fãs nos meios políticos e artísticos, que procuravam o procuravam para fazer algum tratamento. Diferente de Flordelis, Arigó nunca explorou ou enganou a boa fé das pessoas e o livro relata e comprova, nunca cobrou por suas consultas. A obra inspirou o longa metragem "Predestinado", cujo papel principal tem como intérprete o ator Danton Mello.
O terceiro, Padre Cícero Romão Batista, ou simplesmente, padim para seus milhares de devotos nordestinos, que até hoje ainda o idolatram, fazem peregrinação para confirmar sua fé no padre considerado por eles um santo, mas durante anos a igreja católica e o Vaticano o trataram como um pária, inclusive o escomungando.
O biógrafo e escritor Lira Neto, após intensos anos de pesquisas, lançou este "Padre Cícero, poder, fé e guerra no sertão". A obra revela inúmeras facetas do religioso, incluindo seu poder político, cujos domínios iam muito além da paróquia. Padre Cícero tinha tanta ascendência sobre os devotos, que até o bandoleiro mais temido, Virgulino Ferreira, vulgo Lampião, tinha por ele profundo respeito, tanto que nunca atacou Juazeiro ou qualquer outro domínio do padim.
Cada um desses personagens da vida real usaram seu carisma, poderes e inteligência para atingir seus objetivos. Flordelis acabou presa acusada de mandante do assassinato no marido pastor Anderson. Zé Arigó por mais que tenha feito o bem para muitos, seu destino trágico estava traçado e ele sabia que teria uma vida curta. Ele morreu num acidente de carro nove meses antes de completar 50 anos. Já o padre Cícero, para muitos sempre será um santo, para outros, que não ousam expor seus pensamentos em voz alta, veem no "padim" apenas mais um explorador da fé do povo, um religioso que ficou rico e conquistou enorme poder. Para conhecer mais sobre cada um deles, então leiam suas respectivas biografias. Os leitores poderão até não gostar, mas certamente não ficarão indiferentes ao final das leituras.