A Igreja lançou sua campanha e também entendeu que Fraternidade é uma palavra de todos. Não pertence ao credo, nem à denominação. Um avanço extraordinário no processo de estender as mãos aos demais fieis de todas as crenças, mesmo que mão estendida literalmente seja, por ora, pandemicamente restrita. Mas fica a dica para o sinal simbólico e batizado em pia de boa vontade e bom senso.
O Amor não é propriedade das religiões, dos poetas, dos músicos, ou cupidos arqueiros e arteiros. Ainda mais agora, que falar nisso implica em mexer nos vespeiros da intolerância e inquisição jorrando em quase todas as plataformas. Digitais ou não, os humanos estão se tornando o que de mais distante se esperava da natureza de sua criação, ou surgimento; como queiram. Não atirem pedras ainda…
Ouvir clérigos e leigos chamando-nos para um nível acima; um diálogo que tenha como ponto de partida o amor ao próximo no sentido prático da terminologia, soa como um sino recém restaurado, anunciando um novo dia no vilarejo. Uma nova jornada de trabalho, um café servido, a venda aberta, a calçada com gente, a escola com barulho, a rua trepidando seu movimento.
A expectativa é que o Amor anunciado, convidando a todos os que creem e também os que agora já preferem não crer, mas acreditar sim, saia da parede colada em cartazes e vire vida; respire, deixe de ser barro e se transforme em gente. Adão e Eva mais apegados ao pedaço original. O que nasceu para que a Terra não fosse guerra.
Tudo bem que desde lá atrás somos assim errantes. Humanos cheios de mentira, lascívia, de ódio, inveja, intolerância e outros tantos pecados capitais. Mas também já provamos, em tempos de conflitos armados, revoluções, tsnunamis, pandemias e outras tragédias, o quanto somos capazes de salvar a espécie. Brota uma bomba em forma de flor de solidariedade que às vezes não dá para saber como nasceu, ou com quem. Mas aparece e muda tudo! Bocas passam a ser alimentadas, braços ganham vacinas, abandonados recebem um teto, perdidos enxergam a luz.
Esses ainda somos nós. Os terrestres. Recebendo agora um chamado viral para de novo por o pé no chão; fincar raízes sem perder a necessidade de ir. Sair em direção ao outro. Ser com outros seres. Saber outros saberes.
Amar!
Benedicto Domingues Júnior
Jornalista, escritor, apresentador,
Superintendente de Comunicação Prefeitura de Porto Velho