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VIDA DE GADO

Bastou passar alguns dias no Velho Continente para voltar com a ideia reforçada de que o Brasil não chegará a ser um país de primeiro mundo em décadas. Somos um povo ainda muito marcado por práticas que ferem todos os conceitos de cidadania, situação que fica mais explícita quando sofremos os efeitos da legislação do período eleitoral, como acontece agora.

Que país reconhecido como avançado, moderno e culto aceitaria ver sua imprensa tutelada por uma lei restritiva das liberdades fundamentais (o direito de crítica, informação e opinião) em nome do processo eleitoral?

BLINDAGEM

Pois isso é o que acontece nessas plagas, onde a própria autoridade judiciária recomenda (por documento) aos veículos de imprensa que se abstenham de cumprir o seu papel, de utilizar a liberdade garantida na Constituição, se não quiser sofrer sanções e processos na Justiça eleitoral, caso emita sobre qualquer candidato (mesmo os notoriamente corruptos e até condenados) uma opinião ou uma análise desfavorável. Essa é uma blindagem prejudicial ao direito dos eleitores de conhecer bem o perfil e a vida pregressa de quem se propõe a representá-los.

CENSURA PRÉVIA

Nós jornalistas vivemos um ambiente de autocensura (ninguém quer correr o risco de enfrentar as dificuldades e os custos de um processo), algo um pouco pior do que a censura prévia com a presença do censor dentro das redações. É uma vergonha para o Brasil essa demonstração de que vai ser difícil para o país sair do terceiromundismo.

Essa é uma grita antiga. Instituições guardiãs das liberdades civis e dos dogmas da democracia não conseguiram até hoje por um ponto final nesse monstrengo que protege políticos corruptos não barrados pelos partidos e pela própria Justiça Eleitoral.

A autocensura não só violenta o jornalista que tem o compromisso de revelar aquilo que boa parte insiste em esconder da sociedade. É certamente um método que fere o direito de todos à informação.

Cumpre registrar que o Sindicato dos Jornalistas (Sinjor) fez manifestação contra essa “censura togada” mas, convenhamos, ainda é muito pouco para pelo menos amansar essa dragão.

RITUAL PERIGOSO

Diante das poucas informações sobre os candidatos que certamente a mídia irá publicar (enquanto existir esse ambiente de restrição à liberdade de opinião) caberá ao próprio eleitor descobrir o que está por trás da aparência daquele sujeito sorridente, que está aparecendo em adesivos e vai aparecer também na propaganda eleitoral da TV, pedindo seu voto e prometendo resolver tudo.

A política é fruto principalmente do marketing. A maioria dos candidatos em desfile – especialmente aqueles que fazem propostas miraculosas – se apresenta como verdadeiros mágicos preparados pelos marqueteiros. Mas quando questionados seriamente vê-se que não têm qualquer consistência. A partir do dia 19, as TVs abertas e as emissoras de rádio retransmitem a propaganda eleitoral em dois horários por dia. Esse ritual deve ser visto e analisado com cuidado pelo eleitorado para não cair no famoso conto do vigário.

A FALTA QUE FAZ

Quando o analista se concentra na forma com que se conduzem campanha e eleição no Brasil podemos notar a falta que faz uma reforma política ampla, geral e irrestrita para a saúde cívica da Nação.

O problema não se restringe apenas à ausência de uma reforma, mas uma das consequências de ela não se efetivar é, por exemplo, o enorme número de partidos insignificantes em termos de conteúdo ideológico ou histórico e que utilizam seu tempo garantido (por lei, diga-se) no rádio e na televisão para barganhas as mais diversas.

INEXPLICÁVEL

Para muitos dirigentes políticos a decisão da Justiça Eleitoral colocando no páreo eleitoral os candidatos Expedito Júnior e Moreira Mendes (respectivamente ao governo e ao senado) ainda parece um fato inexplicável. Afinal, a condenação (por compra de votos) que tirou de Expedito Júnior os direitos políticos e cassou-lhe o mandato de senador só terminaria pouco antes do dia da eleição.

No caso de Moreira Mendes, imaginava-se que a condenação sofrida por seu envolvimento no chamado “Escândalo das Passagens” que causou enorme prejuízo ao orçamento da Assembleia iria definir seu afastamento da disputa. Aqueles que julgaram o deputado federal Moreira Mendes concluíram que a sentença condenatória sofrida por Mendes não faz referência à lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito. Segundo se informou, a Procuradoria Regional Eleitoral deverá recorrer contra a decisão favorável ao presidente do PSD ao Tribunal Superior Eleitoral.

CONTORNOS

A decisão que favoreceu a candidatura do tucano Expedito ao governo e a de Moreira Mendes ao Senado certamente vai implicar em novos contornos na disputa pelo governo rondoniense e pela única vaga em disputa para o Senado.

Embora ambos os personagens tenham sofrido condenações graves, ao serem reabilitados pela decisão de ontem do Tribunal Regional Eleitoral não deverão sofrer maior contaminação nas suas expectativas de votos.

A participação dos dois políticos na corrida eleitoral desse ano abre fortes perspectivas de que haverá segundo turno na disputa pelo governo e transforma o resultado pela disputa do Senado em algo imprevisível. Agora a briga não será resolvida só pela retórica. Não se pode esquecer que Moreira Mendes é um político experiente, que fez boa imagem enquanto foi senador (substituindo José Bianco). A condenação sofrida – que não o impediu de ser candidato aprovado pelo TER, parece não ter afetado também a confiança de seu eleitorado.

NO PASSADO

De qualquer forma, seja como for, o que passou está no passado. A discussão sobre a elegibilidade dos dois caciques políticos não causou muita empolgação nos ânimos de quem já viveu outras corridas eleitorais. A tendência agora é de que tenhamos mais do mesmo: “propagandas” em vez de propostas, com músicas de bom refrão para grudar na mente do espectador e aposta no visual e em recursos gráficos para impressionar.

REPROVAÇÃO

Conversei ontem com um estatístico envolvido com pesquisas de opinião. Queria saber dele se houve uma mudança clara na disposição do eleitorado de votar nulo ou branco, como a coluna comentou antes de minhas férias. A situação, segundo esse profissional não mudou. Uma parcela assombrosamente enorme do eleitorado se pronuncia a favor de anular o voto ou deixá-lo em branco na cédula eletrônica, mesmo dando-se ao trabalho de atender a obrigatoriedade de se apresentar para votar. Não se trata apenas de indecisão, de indiferença. Retrata a vontade, neste momento, de reprovar as opções disponíveis. Isso fere diretamente a “classe política”, macula o princípio de democracia que deveria garantir ampla possibilidade de escolha. A maioria dos políticos que disputam os votos nesse ano se mostram merecedores do esforço do eleitor em digitar seus números nas urnas.

 

 

 

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