Foto: Divulgação
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São várias as evidências da atual avidez pelo conhecimento histórico. Em outras palavras, a História está na moda! Filmes, séries televisivas, revistas de ampla divulgação, obras de caráter biográfico e temático são algumas das expressões que atestam a receptividade que a produção de cunho histórico vem obtendo no universo sociocultural brasileiro. Em Rondônia não é diferente, temos grandes historiadores com formação acadêmica, grandes pesquisadores da memória de nosso Estado e da Amazônia, que lutam paulatinamente para fazer ciência, historiadores como: Antônio Claudio Rabelo, Dante Foncesa, Marco Teixeira, Marta Valéria, Lilian Moser, Yeda Borsacov, Professor Abnael, Walfredo Tadeu, Kleber Lima , e por que não falar dos saudosos Vitor Hugo, Amizael Gomes e Esron de Menezes. Me perdoem os que se dizem historiadores, mas não posso desconsiderar o esforço de quem hoje está nos bancos das universidades, em busca de conhecimento, resultando na conquista de um diploma. Diploma de bacharel em história. Não posso me eximir de defender o que é o correto, e valorizar o esforço do discentes e docentes de história. E é na academia que se discute a história por diferentes primas.
Tal panorama parece indicar que, entre nós, a História atinge sua maioridade, suas pesquisas ganham consistência e adquirem respeitabilidade. Verdade é que tudo isso pode ser atribuído, em grande parte, ao fato de os historiadores, cada vez mais, ampliarem seus diálogos com as demais ciências.
Por isso, instigado pelo Trilhando a História, programa de televisão local que produzo, ponho-me a pensar sobre as responsabilidades daqueles que deixam seduzir pelos encantos de Clio, a musa dos historiadores, fazendo dessa disciplina sua opção profissional.
Afloram em mim leituras e ensinamentos, a começar pela recorrente profissão de fé legada por Marc Bloch nas anotações que, publicadas postumamente, resultaram na sua Apologia pela História ou ofício do Historiador . Belo título. Incontornável Leitura.
De imediato, relembro o parágrafo inicial. Nele uma criança, se dirigindo ao pai historiador, indaga-lhe:”Diga-me, para que serve a História?”. Pergunta desconcertante que inquieta e atormenta os estudantes, estudiosos e diletantes da História. Capacitados ou não a respondê-la, importar registrar a permanência desse desafio ao longo de nossa trajetória profissional.
Com efeito, perceber e introjetar o sentido e as funções sociais da história, compromisso do profissional da área, é também dever de consciência, de cada um de nós, na condição de agentes históricos. Ou na condição de agentes da nossa história, pois nunca é demasiado salientar que esta só se justifica e se explica por que tem os homens vivos com sua razão de ser. Estudamos história para conhecer e transformar a vida. Nossas angústias e interrogações são a força-motriz que nos impulsiona a conhecer o passado e, daí, tentar identificar e analisar criticamente as condições de e para a compreensão do nosso presente.
O passado e os mortos se constituem no objeto de nossos estudos, mas é das indagações e das perplexidades do presente que a História vai sendo (re)escrita e compreendida. É a partir do contexto em que nos situamos e do qual somos partícipes que construímos a nossa História.
Cuidando em não resvalarmos para a prática do anacronismo, é no questionamento do passado que buscamos detectar e delinear nossas identidades. Essas, por seu turno, obviamente, só se delineiam por contrastação, por antinomia. Vale dizer: o estudo da história objetiva captar e exprimir, predominantemente, nossas diferenças e não nossas afinidades.
Assim, o conhecimento do passado, não sendo em si mesmo a História, antes de iluminar o futuro, deve proporcionar aos homens viverem melhor o seu presente. Propiciar-nos referências para constituição de uma almejada sociedade mais justa e solidária.
Aleks Palitot
Historiador reconhecido pelo MEC pela portaria n° 387/87
Diploma n° 483/2007, Livro 001, Folha 098
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