Foto: Divulgação
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Ex-deputado alegou "temer pela vida" e pediu liberdade provisória. O MP entende que ele está mais seguro no presídio federal
O discurso
A frase “bandido bom é bandido morto”, que vem se tornando cada vez mais comum, foi bordão de campanha do delegado carioca Guilherme Godinho Ferreira, conhecido como “Sivuca”, que chegou a ser eleito deputado estadual na década de 60. Ele era membro de uma força de elite que mais tarde se tornaria a “Scuderie Detetive Le Cocq”, que chegou a ter 7 mil associados e ficou conhecida como Esquedrão da Morte. Os lecocquianos diziam agir dentro da lei e tinham uma regra, “se o criminoso reagisse à prisão, era morto, sem dúvida”. Devido aos excessos, e não foram poucos, a justiça decretou sua extinção em todo território nacional, além da proibição de uso de seus símbolos em bonés, camisetas, adesivos, etc.
Pois bem
A Scuderie surgiu para “vingar” a morte do detetive Milton Le Cocq. Ele foi morto em serviço por Manoel Moreira, conhecido como “Cara de Cavalo”, marginal que atuava na Favela do Esqueleto, onde se encontra atualmente a UERJ, na década de 1960. Como a sociedade carioca estava aterrorizada com a onda de crimes na época, o apoio à Scuderie foi automático. Fazendo uma analogia simples, vamos a nossa realidade, o caos na segurança pelo qual atravessamos.
Diariamente
Noticiamos casos e mais casos de roubo, sequestro-relâmpago, assaltos, novo cangaço, invasões em domicílios. De outro lado vemos a polícia sem condições de agir, sem recursos, viaturas e desmotivada. Paralelo a isso, a sociedade assiste a impunidade, criminosos que barbarizam em uma semana e na outra estão nas ruas, cometendo os mesmos crimes, com mais brutalidade e na certeza que o máximo que pode lhes acontecer, é levar um tiro e morrer. Mas o que é a morte para quem não tem nada a perder?
O que diferencia
O cidadão de bem do criminoso é exatamente o medo de perder o que lhe é mais precioso, a vida. O chamado “cidadão de bem” é aquele que acorda cedo, trabalha duro, paga suas contas e impostos e sofre com a falta de segurança. Ao mesmo tempo ele assiste o bandido que mata, tendo tratamento às vezes melhor que o de seus conhecidos. Presos fazem cinco refeições por dia, tem garantido tratamento médico e até um salário para ajudar a família.
Porém
Vivemos em um estado paternalista. No Brasil de hoje o Estado garante praticamente tudo que uma pessoa precisa para viver. Não com regalias, nem soberba, mas garante o básico. O discurso de “falta de oportunidade” caiu por terra há mais de uma década e não cabe mais o argumento de coitadinho. O Brasil precisa mudar a legislação, preso tem que trabalhar, tem que ser uma massa para mão de obra pesada, bater enxada no sol, isso é reabilitar. Mas enquanto isso não acontece, temos que respeitar as leis pelas quais somos conduzidos.
Dito isso
Não cabe, em momento algum da atual conjuntura em que vivemos, o discurso do secretário de Defesa e Cidadania de Rondônia, Marcelo Bessa em seu perfil no Facebook, no qual ele afirma, “se você ultrapassar (entrar) eu atiro em você. Se você sobreviver eu atiro de novo”, em referência a uma frase que ele viu em alguma propriedade nos Estados Unidos e afirmou que reagiria dessa forma na possibilidade de algum bandido entrar em sua residência. E o discurso não cabe por um simples motivo, Bessa é a pessoa responsável pela nossa segurança. Se a criminalidade aumenta, a culpa é dele. Ele tem arma e seguranças, e nós, que mal temos o 190, que com muita sorte alguém atende.
Além do mais
Tem o agravante do mau exemplo. Como cidadão, Marcelo Bessa tem todo o direito de se indignar e agir como bem entender, inclusive atirando, se é o que ele acha correto fazer. Mas como representante da segurança pública e como delegado federal, ele não pode externar essa mentalidade. Ele precisa apaziguar, aconselhar o cidadão a não reagir, até porque ele tem treinamento para isso, o cidadão comum que tem uma arma em casa é uma vítima potencial e um perigo para ele e sua família. E em um país onde portar arma é crime, é no mínimo complicado fazer esse tipo de afirmação. Agora, deixando de lado o politicamente correto, a linha de raciocínio do secretário é comungada pela maioria, ninguém aguenta mais tanto bandido, tanto latrocínio, tanta sem-vergonhice.
Melhor
Que discursar sobre o modelo americano de resolver questões na bala, seria o secretário ajudar a convencer o governo a implantar aquele método de prisão onde o sujeito passa o dia quebrando pedra com uma bola de ferro amarrada aos pés durante o dia inteiro. O estado poderia aproveitar também e acabar com essa pouca vergonha que são os contratos de fornecimento de marmita para preso e colocar os apenados para plantar e fazer a própria comida. Isso iria gerar uma grande economia aos cofres públicos e a sociedade agradeceria. Se preso no Brasil cumprisse pena trabalhando, ele pensaria três vezes antes de apontar uma arma na cara de um trabalhador. Enquanto isso não acontece, o secretário pode atirar e nós, bem, podemos rezar.
Podcast
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Federal
O Ministério Público quer Valter Araújo em um presídio federal e vem trabalhando para isso, principalmente após suas declarações nesta segunda-feira, na 3ª Vara Criminal de Porto Velho. Alegando “temer por sua vida”, os advogados do ex-deputado pediram a revogação de sua prisão. Por considera-lo de “extrema periculosidade” o Ministério Público achou melhor pedir sua transferência, do Pandinha, onde atualmente divide cela com Alberto Siqueira e Fernando Braga Serrão, para o presídio federal, onde sua vida estará segura.
A probabilidade
Do Ministério Público conseguir essa transferência é grande. E foi Valter quem colaborou com isso, ao fugir da justiça quando teve um habeas corpus revogado. Com essa alegação de ameaça, e como o Estado precisa garantir a integridade física dos presos, a transferência não deve ser difícil de obter. Já a revogação da prisão, essa é praticamente impossível.
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Criança que não dorme em horário fixo tem mais problemas de comportamento
Após um estudo com mais de 10 mil crianças, pesquisadores britânicos concluíram que a falta de horários regulares para dormir pode aumentar os riscos de problemas comportamentais e emocionais na infância. O resultado da investigação foi divulgado ontem, dia 14, pela revista científica Pediatrics. De acordo com os pesquisadores, dormir pouco ou em horários irregulares são medidas que atrapalham o ciclo circadiano – sistema que ajuda o corpo a regular o apetite, os horários de sono e o humor. “Alterar constantemente a quantidade de horas dormidas por noite ou ir para a cama em horários diferentes a cada dia é como bagunçar o relógio biológico. Isso interfere na forma como o corpo será capaz trabalhar no dia seguinte”, diz a coordenadora do estudo, pesquisadora Yvonne Kelly, da University College London. O trabalho aponta que as crianças que não tinham horário fixo para dormir apresentaram, em comparação aos colegas que se deitavam todos os dias no mesmo horário, quadros mais acentuados de tristeza, hiperatividade e ansiedade. Além disso, envolveram-se mais em brigas com colegas.
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